O Kra realizou um grande show e, por trás do divertimento e das brincadeiras havia um senso de gratidão que brilhava através deles. Claro, houve surpresas até para a banda...
Fãs leais não eram os únicos celebrando os dez anos juntos do Kra, mas, no momento, eles eram aqueles que batiam palmas junto com a música de fundo de uma proeminente música pop de piano dos anos 90 até que as cortinas se abriram para revelar o baterista Yasuno aparecendo imediatamente atrás das cortinas abertas, joelhos dobrados e uma rosa entre os lábios. Jogando a rosa e soprando um beijo, ele incitou uma bem antecipada cacofonia de gritos. Então, em seguida, o baixista Yuhra seguido pelo guitarrista Taizo. Por fim, veio o vocalista Keiyuu, segurando um grande tridente de plástico que combinava com o tema de Dia das Bruxas das roupas deles. De fato, Yasuno usava nada menos que uma roupa de abóbora gigante, a jaqueta cortada por uma bandeira britânica laranja e prateada de Taizo e Keiyuu decorado com apliques de morcegos e abóboras enfeitando seu design.
“Este é o show do décimo aniversário do Kra, então vamos dançar descontroladamente desde o início!”, gritou Keiyuu. “Prontos para essa música?” O solo de guitarra de abertura deu a dica e o grito de Keiyuu de “Ame no-” foi instantaneamente encontrado por um rugido de vozes: “Kokuhaku!” As mãos do público tremulavam em uma tempestade de movimento até que Taizo aumentou a energia para seu solo e eles agitaram punhos entusiasmados para ele, enquanto Keiyuu abanava suas mãos em homenagem ao guitarrista. Então, vieram os tons agradáveis e alegres de Fusion. À medida que os vários membros pulavam em círculos quando tinham vontade, a tela de projeção na parede de trás mostrava um tabuleiro preto e branco, a banda fazendo uso de tudo o que o O-East tinha para oferecer. Todo o tipo de imagens e vídeos acompanhou o show inteiro.
Com um toque eletrônico, Haruiro no hana produziu uma intrigante melodia sobre as letras “hira, hira, hira”; a voz profunda de Keiyuu infundida com um tremor estilístico que cumprimentava um animado solo de baixo mesmo quando Sakura flutuou na tela. “Preparados? Gritem!” O próprio grito de Keiyuu deu início a Fushigi na sekai kara no shoutaijou. A explosão de energia superou tudo até o momento, instrumentos de bronze[1] incorporados na estrutura da canção, enquanto a cabeça de Yasuno chacoalhava de lado a lado, localizado em algum lugar entre os domínios do swing e do rock. Então Daddy fez sucesso, abrindo com guitarra e baixo ímpios. O público pulou, Yasuno cantando junto enquanto tocava, e Keiyuu mudou para um falsetto íngreme ao final do número.
“Nós passamos dez anos, mas pareceu como um instante”, Keiyuu suspirou, antes de perguntar aos membros sobre suas opiniões a respeito do assunto. Ao escolher Yuhra, o vocalista imediatamente cortou-o com “Foi-” “Bom, né? Sim.” Indignado, Yuhra emitiu uma reclamação. “Mas você não vai dizer muito, de qualquer forma.”, Keiyuu retrucou, habilmente manipulando o normalmente quieto baixista a falar um firme “Eu vou!”; Yuhra continuou com a vingança. “Muitas bandas celebram dez anos, mas eu quero ir além e celebrar 20”, ele anunciou. “Oh, então hoje não significa nada?” brincou Keiyuu. “Não, não. É um importante ponto para passar”, Yuhra rapidamente emendou. Yasuno intrometeu-se brevemente com uma adivinhação que o público respondeu imediatamente em uníssono. As conversas continuaram, primeiramente a partir de Yuhra, a tática de Keiyuu parecendo ter dado certo de forma esplêndida. “Eu não terminei de falar ainda!”, Yuhra gritou em reprimenda a todas as interrupções não relacionadas.
Eventualmente, Keiyuu achou tempo para explicar o tema do dia. “Hoje, nós queríamos tocar músicas de cada lançamento, mas isso acabou em 50 músicas. Como resultado, nós vamos tocar três horas. Em outras palavras: cerca de uma música de um álbum ou lançamento de cada ano.” No momento em que ele chegou a esse ponto, sua voz deslizou para uma personagem estranha, uma acusação de Yasuno rotulando a voz como “Shinya?” O público, entretanto, tinha outras ideias, um grito de “Doraemon!” alcançando os ouvidos do vocalista. Ele parou, encarou, chamou o ofensor de “muito corajoso” de uma forma ameaçadora e prometeu lembrar-se de seu rosto. Isto só incitou mais gritos. “Vocês são muito livres, não são?” Keiyuu comentou maravilhado. Ele então perguntou a Taizo, a nova adição à banda, se ele já havia se acostumado com a natureza livre de seus fãs. Taizo estava preparado com uma resposta para agradar a plateia. “Yasuno é o mais livre de todos, no entanto”, ele disse.
Finalmente, Keiyuu sugeriu que eles continuassem com uma música, contudo o público exibiu uma rara relutância em fazê-lo. “Bem! Vamos parar, então, podemos?” o vocalista ameaçou. Após um momento, ele suavizou evidentemente lisonjeado. “Há mais MC por vir, então apenas esperem!” Olhando para a set-list escondida aos seus pés, ele fez um som de surpresa que o público repetiu com interesse. “Nós temos algumas grandes canções alinhadas”, ele disse. Com este comentário atraente, não havia nada além de continuar, Hadazamui kisetsu no yoake seguindo com uma melodia melancólica e um pequeno toque de funk na música. Com uma lenta reverência no final da música, as luzes se apagaram... apenas para acenderem levemente com uma abertura de jazz elevado, assim que a voz forte de Keiyuu emitiu vocalizações para a abertura de Koi no shikisai to elegy. Yasuno começou a se exibir, baquetas girando entre batidas regulares dos címbalos em superfícies de metal grandes e pequenas. Os chapéus[2] rodeavam-no como uma bancada de cogumelos dourados.
A melodia ardente de Yamiyo no gene foi cumprimentada por uma ardente tela, mas o refrão era o vermelho quente de pétalas de rosa. Atrás da bateria, Yasuno continuou seu teatro, uma baqueta circundando sua cabeça, então apontando para o público em coreografia repetida embora ele nunca tenha perdido uma batida com cada baqueta. O apagão seguinte viu uma grande abóbora brilhante substituí-lo na escuridão. Fu no zenshin então agitou pra valer com um solo pesado de baixo para abrir e Keiyuu gritando do âmago antes de cantar para o refrão. Um rap zangado de voz mortal dividiu a canção. Então, veio judge, Yasuno segurando um címbalo prontamente após bater nele cada vez com toda sua força, girando sua baqueta em rodopios crescentes antes de cada batida. O número, em si, permaneceu pesado, completado com um agradável riff de guitarra para o final instrumental. Mais uma vez, o palco se apagou.
“Yeah, yeah, yeah, yeah, calma”, reclamou Keiyuu em resposta aos gritos intermináveis do público. A conversa então se voltou para o inesperado calor dos trajes, Yasuno exclamando que ele se sentia como se estivesse correndo uma maratona e que ele definitivamente iria perder peso – o que significa que para a turnê... “Corpo em forma!” Então veio o anúncio que “fez o dia” do público: depois de dez meses fora do ar, o Kra iria reviver sua lendária “Meruhen”, um show pelo qual são famosos. Yasuno, que não escreve em blogs, estava animado para anunciar a continuação da “Rádio Meruhen”, onde ele poderia contar todos os seus sentimentos e experiências por 30 minutos no 1º e 2º sábado de cada mês, desta vez apenas com a banda. O guitarrista então sugeriu terem um torneio de trava línguas na rádio – que se tornou um torneio de trava línguas ali mesmo. Apesar de toda a sua bravata, ele falhou miseravelmente. Yasuno foi até mais ou menos a metade do caminho, Yuhra acertou mais ou menos na segunda vez e Keiyuu, após ser desafiado a cinco repetições, conseguiu quatro antes de se perder completamente e desistir.
Em um sotaque estranho, Keiyuu anunciou o novo álbum e a turnê de shows. “Vocês conhecem a ‘turnê one-man’? Hoje é uma one-man. Nós faremos isso em uma turnê. Eu também percebi que se todos vocês vierem de uma vez, nós podemos fazer isso em um lugar grande.” Atormentando sua nova personagem estranha, Yasuno provocou o vocalista sem piedade. “E pensar que estivemos esses 10 anos juntos”, Keiyuu lamentou, aplaudindo na pose de um f-se em estilo punk para o baterista. Finalmente, as brincadeiras diminuíram gradativamente e, depois de um muito solitário e sério comentário de Taizo, a música voltou para resgatar o público de estourar com risadas.
Akai kutsu no shoujo to omocha no kikanjuu foi brilhante e alegre, o público acenando com energia renovada junto com o vocalista que começou a dançar como um menino em bird. Um profundo, agradável solo de bateria abriu com força Shounen to sora, os tambores fazendo sons profundos e ressonantes enquanto Keiyuu chamava cada seção do público, incitando-os a um salto despreocupado mesmo com Yuhra executando saltos estrela até que ele foi forçado a parar e acenar seus braços para Taizo junto com Keiyuu para o solo. Abaixando o microfone para distanciar sua voz, Keiyuu cantou acima do chocalho militar em um tom assustador que logo levou a peça a um final.
A escolha final de músicas foi uma excitante combinação, oferecendo uma ampla variedade de sons, embora o destaque tenha sido Showtime, no qual cada membro teve seu solo antes de toda a arena afundar em um turbilhão de bate cabeça vicioso. Os ‘lá’s que eles cantaram junto com Keiyuu perto do começo e do final tiveram um poderoso impacto. Enquanto isso, eles gritavam no meio, opondo esquerda contra direita pelo vocalista, garotos contra garotas. No número final, Sabiiro no uta, toda a banda parecia destruída, mas o público acenava orgulhosamente e eles encontraram energia para continuar, cativados quando os fãs cantaram. “Obrigado por nos deixarem ouvir vozes tão incríveis para concluir”, murmurou Keiyuu sinceramente, com uma reverência cortês.
Os gritos de encore foram pontuados por um assobio, os fãs do Kra evidentemente mais organizados que a maioria. Agora, um teclado foi montado no centro do palco em sua entrada, Keiyuu sentando-se em frente a ele. O encore começou com um falso começo, entretanto, à medida que ele batia nas teclas em um acesso de frustração depois de entrar no tom errado. “Eu posso fazer isso”, disse Keiyuu, inspirando profundamente e começando de novo. Desta vez, ele fez direito. A versão acústica de Shanghai yuugi foi um tanto blue-grass[3], Yasuno usando baquetas iluminadas para tocar a bateria, emudecendo um pouco o som enquanto Taizo curvou-se sobre seu violão, balançando a cabeça. O número cantado aos sussurros terminou com um “Muito o brigado. Agora, por favor, escutem mais uma canção.” Keiyuu lançando-se em uma abertura a capella. O interessante número foi suave e em estilo jazz, com um toque na letra da perspectiva de um mestre de circo.
“Cara, eu estava nervoso”, Keiyuu admitiu. “Mas eu acho que nós faremos mais disso de agora em diante. Da próxima vez, no entanto, eu vou praticar.” Justamente quando todas as brincadeiras, conversas sem sentido e brigas internas da noite pareciam estar terminando, a banda foi surpreendida por uma voz de cima e nas telas de vídeo flanqueando a arena do O-East apareceu o pequeno mascote canino da banda. “Oi Kra. Aqui é Kohsuke. Eu posso falar. Uau! Obrigado a todo mundo por vir ao décimo aniversário do Kra. Nós fomos apoiados por muitos staffs e por todos vocês. Agora, aqui está um pequeno presente:”
Um por um, BORN, SCREW, D=OUT, ViViD, SuG, Alice Nine, the GazettE (também celebrando 10 anos) e a senhora chefe da PS Company, todos apareceram na tela, tomando seu tempo para falar e relembrar sobre o Kra, congratulá-los por seus 10 anos e desejar-lhes o melhor de agora em diante. De fato, um membro do SuG confessou que sua irmã mais nova é realmente fã do Kra e que frequentemente assiste aos DVDs da banda na sala de estar deles. Outro comentário digno de nota veio do SCREW, certo membro confessando seu amor por Yasuno. Durante o último vídeo, Keiyuu implorou para as telas serem desligadas, os quatro membros sentados em frente ao palco pareciam brilhar de vergonha. “Houve algum ruído estranho no final, lá”, Keiyuu falou friamente da chefe deles, “mas cara, o SCREW demorou. Foi como assistir a nós mesmo.” É claro que, depois de tudo isso, o Kra tinha que ter algo a dizer, Keiyuu sendo repreendido por seus atrasos constantes e confundindo o título do novo álbum com “Naruto”.
Por fim, o encore continuou com uma música do novo álbum, Machibito. Agradável e divertida, Keiyuu a anunciou como “a música principal do novo álbum, com um bom ritmo, letras e partituras... É apenas uma boa canção.” E isso ela foi, alegre e maravilhosamente cantada. “Muito obrigado! Agora, EAST! Vamos explodir até o final! Mutaku to mutaku to.” O público chacoalhava de forma frenética e furiosamente, rodavam ao redor uns dos outros, e continuaram balançando durante Cab.D. Keiyuu gritou acima da bateria e do baixo, metade dele todo brincadeiras e a outra metade hardcore como o inferno.
Uma última conversa, cheia de gratidão – e com um pouco de informação sobre os produtos atuais lançados para venda – terminada com rodada de provocações entre os membros até Keiyuu pedir desculpas ao público. “Desculpe por estarmos um quarteto tão frio – suando e com muco escorrendo, nós vamos nos ligar! Prontos? Essa é a última música do encore! Que dia é hoje?” A questão incitou gritos fervorosos. “Nichiyoubi!” Keiyuu cantou esplendidamente até o final, o público contribuindo com ‘lá’s mais uma vez, para um final sinceramente sentido. “Muito obrigado por esses dez anos e por virem para esse show de décimo aniversário. Estamos contando com vocês para o futuro, também!”
À medida que a banda juntou-se para se curvar, de todas as músicas, Greenday estourou ao redor deles, e eles curvaram-se às letras “Sometimes I give myself the creeps...” (“Ás vezes eu me assusto comigo mesmo...”). Quando todas as capturas escolhidas foram feitas, Keiyuu falou brevemente dos próximos shows, interrompido por um tridente nas costas, cortesia de Yuhra. “Vamos nos encontrar na turnê!”, ele gritou.
Os membros mal haviam desaparecido da vista quando o vídeo musical deles, Machibito, apareceu na tela, o gracioso filme revelando a razão por trás das roupas de Dia das Bruxas, com uma jovem garota tendo seu primeiro beijo roubado em uma festa de Dia das Bruxas, tendo consolo em uma banda de miniatura dentro de sua caixa de jóias. O destaque foi, de fato, o solo de Taizo, capturado dentro de um globo de neve tempestuoso.
O show foi muito tocante e, ainda, nunca perdeu seu senso de diversão com gratidão muito dramática e lágrimas. O Kra viu seu décimo ano da mesma forma como passaram o tempo, dividindo seus sorrisos capazes de cegar com o público.
Set list:
Opening: Children
1. Ame no Kokuhaku
2. Fusion
3. haruiro no hana
4. Fushigi na Sekai kara no Shoutaijou
5. Daddy
6. Hadazamui Kisetsu no Yoake
7. Koi no Shikisai to Elegy
8. Yamiyo no gene
9. Fu no Zenshin
10. judge
11. Akai Kutsu no Shoujo to Omocha no Kikanjuu
12. bird
13.Shonen to Sora
14. I no naka no… Ari?
15. artman
16. Showtime
17. Sabiiro no Uta
Encore
1. Shanghai Yuugi
2. Circus
3. Machibito
4. Mutaku to Mutaku to
5. Cab.D
6. Nichiyoubi
Nota da tradutora
[1] Instrumentos de sopro de orquestra como o trompete, o trombone e a trompa.
[2] Hi-Hat. Címbalos que ficam suspensos em hastes de metal.
[3] Um tipo de música popular que se originou no sul dos Estados Unidos, normalmente tocados em banjos e guitarras e caracterizada por andamentos rápidos e improvisação como o jazz.