Resenha

D - Namonaki mori no yumegatari

23/12/2012 2012-12-23 00:01:00 JaME Autor: Geisha Tradução: sakurazuka

D - Namonaki mori no yumegatari

Filhos da Natureza.


© D
O D é mais conhecido por sua “Vampire Saga” (“Saga Vapírica”), um conto épico sobre bem, mal e a natureza humana que começou na antiga banda de ASAGI e Ruiza, Syndrome, e tem sido serializada em “Mad Tea Party”, a revista que o D autopublica. O que não é tão bem documentado é seu amor pela natureza e preocupação com a proteção dos animais e do meio ambiente. Seu novo mini-álbum, Namonaki mori no yumegatari (“Relato de um sonho da floresta sem nome”), é dedicado à beleza e magnificência das florestas. Trata de uma variedade de questões, desde a floresta como refúgio e fonte de vida até a destruição do meio ambiente; e o vocalista ASAGI que, como de costume escreveu todas as letras, passou dois dias sozinho na floresta para se preparar para a tarefa. Como o D fez para expressar essas ideias complexas em sua música?

O álbum abre com Hikari no niwa (“Jardim de luz”), uma curta e delicada introdução com violão e vocais simples, quase ingênuos, que refletem a paz e o deslumbramento infantil sentido na natureza. No PV, que está incluso na Edição Limitada Type A do álbum, isso é personificado por um ASAGI com chifres andando descalço entre as árvores, uma coroa de flores em sua mão, sem saber que o caçador bebendo álcool o persegue e que, descuidadamente, ateia fogo no chão da floresta com um cigarro aceso. Ruiza realmente brilha aqui, com os graciosos acordes de guitarra destacando sua versatilidade.

A atmosfera introspectiva da introdução transita para a faixa-título, Namonaki mori no yumegatari, mas é interrompida por um tiro de rifle quando ASAGI é morto pelo caçador, desencadeando uma tempestade de guitarra e baixo pesados, bateria galopante e cantos furiosos, enquanto a natureza em forma de D move-se para se vingar. Vocais claros alternam com uma voz mortal e gritos tribais antes de progredirem para um refrão emocional, que é realizado ao longo de uma percussão rápida e uma linha de baixo sombria e pulsante. Após um brilhante solo de guitarra, riffs pesados e a voz mortal retornam, finalmente terminando em uma explosão de pratos.

Canis lupus estabelece uma melodia eletrônica divertida contra guitarras distorcidas e vocais operísticos profundos, que sobem para um falsete alto. Baixo e percussão poderosos se juntam e marcham em direção a um refrão crescente, então dão lugar a uma ponte de cordas e sintetizador gentis, apenas para retornar em um ataque de riffs penetrantes e gritos de fundo. A guitarra de Ruiza irrompe em um solo extenso, então o fluxo e refluxo continua até todos os elementos se unirem em um final épico. A voz de ASAGI é particularmente forte aqui e o lobo uivando à distância adiciona um toque excêntrico.

Seu desempenho em Shirarezu kodomotachi (“As crianças desconhecidas”) é tão impressionante quanto. A música abre com delicados acordes de guitarra e cordas ansiando docemente. Então, o barítono profundo de ASAGIcomeça e, apoiado pelo piano e pela percussão, sobe mais e mais alto até que quase rompe com emoção. À medida que as guitarras de Ruiza e HIDE-ZOU e o baixo de Tsunehito adicionam suas vozes à mistura, a música tomba para uma apaixonada balada de poder que narra o conto de crianças perdidas na floresta.

Neste momento, rock pesado e metal retornam com força renovada. Sankaku oyane to aware na koguma (“Telhado triangular e o pobre ursinho”) é uma extraordinária composição até mesmo para os padrões do D, que nunca teve medo de expandir seus perímetros. Voz mortal e canto tribal são liderados pelo que soa como um acordeão em uma frenética dança como uma tarantela. Guitarra, baixo e percussão se juntam e criam um folk metal puro e não adulterado que inicialmente parece alegre, mas se torna amargo à medida que as letras descrevem as condições dos animais de circo e seu anseio pela liberdade. Após um refrão melódico e indutor de furitsuke, as guitarras de Ruiza e HIDE-ZOU aceleram de repente e, em vez de um solo, tecem harmonias gêmeas erráticas, enquanto a intrincada linha de baixo de Tsunehito e a bateria de HIROKI mantem a continuidade do ritmo folclórico. A voz mortal dá lugar a outro refrão, então guitarra, baixo e acordeão fecham a música com uma explosão final de folk metal.

A vanguarda se suaviza a rock clássico, mas o clima permanece pesado e intenso com Like a Black Cat ~Mujitsu no tsumi~ (“Como um Gato Preto ~Crime inocente~”), que descreve uma caça às bruxas à partir da perspectiva da vítima. Imitando seu voo para a floresta, guitarras poderosas, baixo esmagador de ossos, vocais claros e órgão - um instrumento associado com os pregadores intinerantes - correm junto em um ritmo de condução que só é interrompido por um curto solo de guitarra.

Haru to utage (“Primavera e banquete”) vê a atmosfera mudar novamente, do escuro e ameaçador para alegre e sereno, enquanto os elementos folclóricos retornam em uma dança graciosa de flauta, sinos e sintetizador exuberante. Guitarras e baixo adicionam calor e peso, mas sempre se mantem em sintonia com a coreografia, e mesmo o solo parece ser uma variação sobre o tema da dança. ASAGI atinge um impressionante falsete, mas o último minuto inteiro da música pertence à flauta e ao sintetizador enquanto continuam a tecer sua doce melodia.

O D guardou o melhor não só para o final, mas exclusivamente para a edição regular do mini-álbum. Zou to hito to ari to... (“Elefantes e homens e formigas e...”) vê Ruiza trocar sua guitarra por uma cítara elétrica pela primeira vez desde Colosseo, criando uma atmosfera exótica e inspirada no mundo da música. Vocais claros dão lugar a harmonias étnicas rodopiantes, palmas rítmicas, sinos e canto operístico, então guitarra, baixo e percussão se estabelecem e o poderoso tremolo de ASAGI eleva-se sobre a parede espessa de som como um chamado à oração. À medida que o ouvinte é levado pela vibração folclórica, um ritmo eletrônico sussurrado interfere, criando um contraste interessante com a, de outra forma, sensação calorosa e orgânica da música. Vocais, cítara, baixo e percussão se entrelaçam em uma dança frenética até que chegam a uma parada repentina com o soar dos pratos. Infelizmente, com apenas dois minutos e 27 segundos, Zou to hito to ari to... é de longe a faixa mais curta no CD, com exceção de Hikari no niwa. Essa criação surpreendente deveria durar pelo menos o dobro.

Finalmente, Namonaki mori no yumegatari (Voiceless) fornece uma boa oportunidade para inspecionar o lado instrumental da faixa-título mais de perto.

O D está à altura do desafio de explorar a relação entre humanos e natureza com habilidade e senso de estilo que é marca registrada de seu trabalho. Namonaki mori no yumegatari é um livro de histórias belíssimo que usa sabiamente o folclore para expressar uma proximidade com a natureza que está sendo perdida em nosso mundo industrializado moderno. Assim como com Huang di ~Yami ni umareta mukui~ (“Huang di ~Recompensa nascida na escuridão~”) e seus outros trabalhos folclóricos, eles mostram uma capacidade incrível de misturar instrumentos e ritmos com sua pesada guitarra moderna, constantemente encontrando novas maneiras de combinar os diferentes sons e estilos musicais.

A vibração exotérica da música também é refletida na arte, que mostra dois cervos no pôr-do-sol, cercados por luzes de fadas, árvores, uma lua em baixa suspensão, rosas, borboletas e outros animais. As cores branco e preto dos pêlos dos cervos e sua posição de oposição no CD, bem como o design de curva em preto e branco da capa em si e na parte de trás do card colecionável incluso, parece sugerir não só o contraste entre luz e trevas, como mostrado no PV místico, mas também o conceito de Ying-Yang - dois polos de existência que são opostos ainda que complementares.

Considerações filosóficas à parte, o mini-álbum proporciona 30 minutos generosos de puro prazer auditivo e deve atrair a um público amplo; entusiastas de folk e metal pagão vão encontrar uma profusão para a qual bater cabeça e mover os pés no ritmo da música, enquanto fãs de rock clássico irão desfrutar de momentos mais diretos. Seja qual for seu vício, este é um sério candidato a álbum do ano.
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