Entrevista

Entrevista com YAMA-B

25/04/2013 2013-04-25 17:17:00 JaME Autor: Agata 'andi' Paź & JaME PL team Tradução: Dorota 'Nika' Janiszewska & Agata 'andi' Paź, Nasake

Entrevista com YAMA-B

O ex-vocalista do Galneryus nos contou sobre seus planos para conquistar a Europa.


© YAMA-B
Depois de saber, no início de janeiro, dos planos de YAMA-B para visitar a Polônia, nós decidimos saber mais sobre seus planos e também apresentar este incrível vocalista de metal para nossos leitores que ainda não tiveram a chance de ouvi-lo. YAMA-B ganhou fama como vocalista e membro fundador da Galneryus, e atualmente prossegue uma carreira solo e possui outros dois projetos: Gunbridge e Rekion. Apesar de estar ocupado com as preparações de seu verão ocupado na Europa, ele encontrou tempo para responder algumas questões sobre seus planos de grande escala, o que inclui shows em muitos países europeus e trabalhar com artistas estrangeiros.


Primeiro, estamos muito curiosos para saber qual o significado do "B" em seu apelido.

YAMA-B: YAMA-B é um apelido que me deram durante a escola. Meu nome real é Yamaguchi, e os japoneses normalmente abreviam isso para "Yama". Acontece que "Yamaguchi" é um nome muito comum no Japão, então haviam alguns Yamaguchis na minha escola. Para nos diferenciar, eles começaram a nos chamar de "Yamaguchi-A", "Yamaguchi-B", "Yamaguchi-C", ou melhor, "Yama-A", "Yama-B", "Yama-C". Eu fiquei com "Yama-B" e isso meio que continuou comigo pela vida.

O público em geral provavelmente irá lembrar de você como o vocalista do Galneryus. Muitas pessoas estão se perguntando sobre os motivos de vocês terem tomado caminhos separados, considerando que você era não somente um dos fundadores da banda, mas também o autor de muitas canções.

YAMA-B: Desde o início Syu e eu tínhamos opiniões diferentes sobre o que constituía uma boa melodia. Syu era fã de bandas de rock japonesas dos anos 80 e 90, como o X-JAPAN, enquanto eu preferia músicas de anime dos anos 70 e 80, e também ouvia muito heavy metal dos EUA e da Europa.
De início nossos gostos diferentes não foram muito problema, porém a cada novo lançamento as diferenças se intensificavam. Houve um ponto em que, em vez de fazer a música que amávamos, a banda começou a procurar por novos sons, tentar soar nova ou moderna. Syu em particular tem essa qualidade que o faz procurar novas inspirações no calor do momento, esquecendo completamente sobre suas origens, estilos e conceitos até então. Já comigo é exatamente o contrário. Sou um cara que gosta de manter certas regras e conceitos. Eu também considero as expectativas dos fãs. O apoio deles é muito importante para mim.
Considerando que tanto a abordagem espontânea de Syu tem seu sentido e razão, e minha própria atitude tem seu valor, eu decidi que, em vez de ficarmos empurrando um contra o outro, tentando impor nossas ideias, seria melhor nos separarmos para que pudéssemos ter a chance de sermos livres para realizar nossas próprias visões e fazer nossas próprias coisas.

Trabalhar em uma banda popular tem suas altos e baixos. Qual parte de estar em um grupo assim você mais gostava?

YAMA-B: Certamente os efeitos de trabalhar com os melhores músicos do Japão é um tesouro que durará para sempre. Eu senti o que significa estar "no topo". Ter trabalhado com uma das maiores gravadoras do Japão é algo que eu também considero como luxo. O que também é valioso para mim é o fato que, sob essas circunstâncias, eu tive a chance de polir minhas habilidades vocais.

Por outro lado, você no momento é um artista independente. Às vezes você não sente que não tem tempo ou força para fazer tudo sozinho? Você não sente falta de ter pessoas que cuidam das coisas para você?

YAMA-B: Para poder fazer o que você quer fazer e como você quer fazer, você precisa trabalhar bastante. Mas, nesse momento, eu tenho uma assessora que trabalha muito e que sempre me dá novas tarefas e objetivos - mas eu não reclamo! Pelo contrário. Eu fico agradecido e feliz. Eu amo o que estamos fazendo.

Há algum tempo você também tem dado aulas de canto. Você usou esse tipo de ajuda quando estava começando a aprender a cantar, ou aprendeu sozinho?

YAMA-B: Como vocalista de metal eu posso dizer que com certeza fui autoditada. Porém, eu tive uma certa introdução à canto clássico com a minha mãe, que aprendeu técnicas vocais de um professor particular. Nós costumávamos falar sobre isso e cantar durante o jantar.

Você ainda leciona? Quais são seus objetivos como instrutor de canto? Você ensina somente o estilo heavy metal de cantar, ou você também tem, por exemplo, cantores amadores de pop que procuram conselhos sobre técnicas vocais?

YAMA-B: Sim, eu ainda trabalho como professor de canto em um instituto de música em Osaka. Os estudantes que vem até mim possuem diversas motivações, mas eles normalmente estão interessados em cantar metal. Mas se há alguém que não está interessado em metal, mas em pop ou ópera, também não é um problema, porque há alguns conceitos de técnicas vocais que são universais e úteis em todos os gêneros.

Quando você canta seu inglês se destaca dos vocalistas japoneses em geral, já que é quase perfeito. Qual a razão por trás disso? Você teve aulas de inglês, ou você aprendeu como cantar copiando os vocalistas ocidentais?

YAMA-B: Talvez vocês não saibam, mas há muitos vocalistas no Japão que conseguem cantar perfeitamente em inglês. Até onde eu sei, minha pronúncia ainda pode melhorar muito. Eu aprendi inglês sozinho. Eu nunca tive um professor. Na verdade, foi exatamente como você disse, ouvindo músicas em inglês eu tentei copiar a pronúncia.

Seu inglês falado é tão fluente quanto o cantado?

YAMA-B: Meu inglês é muito ruim. Mas eu espero que em um futuro próximo eu tenha mais chance de usá-lo, e assim evoluir.

Você não se preocupa que a língua e a barreira cultural possam ser um problema em seu trabalho e na sua tentativa de ganhar popularidade na Europa, ou é algo que você considera como uma vantagem?

YAMA-B: Eu tenho certeza que há uma barreira de idioma. Mas muito mais que isso, estamos cientes que iremos para um mundo diferente do que vivemos e conhecemos. Estamos muito confiantes sobre isso. Esperamos que essa experiência irá nos inspirar. Essa é nossa grande chance.

Suas raízes são importantes para você como uma artista - você se considera um artista japonês, ou talvez um músico de metal que, por acaso, é do Japão?

YAMA-B: Eu acho que sou orgulhoso do meu país. Eu tenho um certo medo de que quando formos para um país diferente sejamos lembrados que somos japoneses até ficarmos cansados. Claro que meu objetivo principal é estar ativo em uma escala internacional, mas seria antinatural da minha parte esquecer de onde eu vim. Tendo dito tudo isso, primeira e principalmente eu me considero uma pessoa que ama o metal mais do que qualquer coisa no mundo!

Entre seus artistas favoritos você menciona Kai Hansen e Iron Maiden. O que você mais gosta sobre eles?

YAMA-B: Kai Hansen é um músico maravilhoso, que criou o power metal melódico. Ele criou um gênero e isso é algo tão incrível! O Iron Maiden, por outro lado, é incrível por ter reformulado o rock, por ter o tirado das limitações da escala pentatônica. As linhas melódicas deles contém muitos elementos da escala diatônica, e eu também considero isso uma evolução incrível.

Somente os "clássicos" te inspiram, ou há algum artista contemporâneo que você admira?

YAMA-B: Eu com certeza amo metal clássico. Eu ainda ouço muito hoje em dia e ainda me inspira. Mas eu também gosto de ouvir bandas mais jovens, por exemplo, eu gosto de Killswitch Engage e da banda alemã Caliban.

Você cresceu com o heavy metal ou é algo que você somente descobriu depois de anos procurando pelo seu próprio estilo?

YAMA-B: Quando eu comecei a ouvir música americana e europeia foi heavy metal desde o início. Isso aconteceu porque, no início dos anos 80, o metal era muito popular e haviam muitas músicas de metal nos rankings. Era uma época ótima! O metal estava ao alcance até mesmo de uma criança!

Em seu website, entre seus artistas favoritos você menciona Isao Sasaki, um dublador e cantor que realizou muitos temas de anime. Quer dizer que você é um fã de anime? Se sim, o que você prefere: animes antigos como os que Isao Sasaki fornecia suas músicas, ou você ainda descobre animes novos?

YAMA-B: Todos no Japão sabem que eu sou grande fã de anime. Duas vezes por ano acontece um grande evento de anime em Tóquio, e nos últimos dois anos eu tenho participado naquele evento com meu próprio estande. Para ter seu próprio estande você tem que ganhar, tem que ser escolhido. Foi muita sorte para mim ter sido capaz de fazer parte do evento nesses últimos anos. E aliás, sim, eu gosto dos animes antigos, mas eu também gosto de me atualizar com coisas novas.

Algumas das capas de CDs do Galneryus foram ilustradas pelo famoso artista Yoshitaka Amano. Você gostaria de trabalhar com ele novamente, ou com algum outro ilustrador no futuro?

YAMA-B: Como vocês devem saber, há muitos ilustradores no Japão que retomam suas origens do mangá e da animação. Yoshitaka Amano é somente um deles. Eu acho que a pessoa de maior status cultural, tanto no Japão quanto no exterior, é Mamoru Nagano. Se ele pudesse ilustrar uma capa para mim um dia seria uma honra e tanto!

Você é um músico bastante ativo. Seu site lista inúmeros projetos, tanto como solista quanto com outros músicos. Vamos começar com Rekion: neste ano vocês planejam lançar um CD. Você pode nos contar mais sobre isso?

YAMA-B: Sobre o Rekion, nós temos sim um novo álbum planejado para este ano. Mas, para mim, o Rekion é um projeto mais paralelo. Ultimamente estou mais animado sobre o projeto simplesmente intitulado YAMA-B, sob o qual eu trabalho com artistas de todo o mundo. Vocês provavelmente já ouviram a música que gravei com esse incrível vocalista norueguês, PelleK, e a qualquer momento vocês poderão ouvir novas canções gravadas com a banda espanhola Phoenix Rising, a brasileira Opus V e o compositor argentino Rodrigo Diaz.

Você em breve visitará a Polônia com sua outra banda, a Gunbridge. A Polônia é uma escolha pouco comum de artistas estrangeiros para se trabalhar. Por que a Polônia?

YAMA-B: A razão principal é que nossa assessora é polonesa. Além disso, eu acho que a Polônia é muito bem localizada, perfeita para um acampamento base. Nós começamos com a Polônia, mas queremos visitar outros países da Europa também.

Vocês também possuem outros planos para a Polônia: uma sessão fotográfica, shows, um acampamento base para outros shows na Europa. Vocês ficarão aqui focados somente no trabalho, ou talvez há algo que vocês gostariam de fazer ou ver aqui, por diversão?

YAMA-B: Nosso objetivo principal é profissional. Nós colocamos isso primeiro. Mas eu ouvi dizer que vocês têm praias maravilhosas na costa báltica. Eu gostaria de fazer uma viagem para o litoral polonês. Eu também tenho que ver Warsaw e Krakow. Cidades antigas e tradicionais europeias são coisas que você não pode ver no Japão.

Há alguma casa de show em particular, no Japão ou em qualquer lugar no mundo, onde você queira tocar? Para muitos artistas, esse lugar é o Budokan, Madison Square Garden ou Wembley. E quanto a você? Ou talvez você prefira casas de show menores?

YAMA-B: O lugar mais maravilhoso do mundo é onde pessoas possam se reunir para ouvir minha música. Não importa se é pequeno ou grande.

Em dezembro fomos capazes de ouvir um maxi-single da Gunbridge. Quais são seus planos de lançamento? Vocês têm algum álbum planejado?

YAMA-B: Este ano, como foi mencionado anteriormente, eu planejo lançar um álbum com o Rekion. Haverão também alguns singles do projeto YAMA-B.

Você tem planos para um show em Londres. Você pode nos contar mais sobre isso? Será um show da Gunbridge ou do YAMA-B? Você convidará artistas para o palco, talvez PelleK?

YAMA-B: Eu fui convidado pelos staffs da London Anime Con. O evento será nos dias 20 e 21 de julho, e eu farei dois shows durante os dois dias. Eu cantarei minhas duas canções, assim como algumas da Galneryus e algumas músicas populares de anime.

Como você consegue trabalhar em tantos projetos? Eu entendo que eles não estão ativos ao mesmo tempo, mas você pode nos dizer o porquê de haver tantos? É porque isso permite que você crie diferentes tipos de música e trabalhe com diferentes músicos? Você pode explicar brevemente como eles se diferenciam um do outro?

YAMA-B: Eu não acho que sejam muitos! Meu projeto principal é a Gunbridge. Nesse eu canto em inglês e procuro atingir o público internacional. Rekion, como eu disse anteriormente, é um projeto paralelo e eu não despendo muito tempo ou atenção a ele, ou pelo menos não é o que planejo. A única novidade é o projeto YAMA-B, no qual o conceito principal é procurar por novas qualidades e experimentos, e é esse que mais me anima, e que eu pretendo estar mais envolvido.

Além de ser um vocalista, você também toca guitarra, baixo, teclado e bateria, e você usa essas habilidades para gravar em seus projetos solo. Por que essa versatilidade? Foi porque, quando criança, você experimentou tudo para encontrar seu instrumento ideal, ou você aprendeu a tocar todos somente depois de começar sua carreira solo, para controlar todo o processo de arranjo e gravação de sua própria música?

YAMA-B: Eu comecei a tocar tantos instrumentos com o pensamento de que seria muito mais fácil, rápido e confiável fazer algo por si mesmo, em vez de tentar encontrar alguém que pudesse fazer por você. Claro que eu gastei muito tempo adquirindo essas habilidades e eu sou bastante confiante com minha guitarra. No palco, além dos vocais, eu também sou responsável pelo baixo e teclado, então eu tive que praticar com esses dois até alcançar um certo nível de precisão. Sobre a bateria, minhas habilidades são bastante básicas. Quando eu gravo meus álbuns solos, uso uma máquina de ritmos.

Como surgiu a ideia de sair do país e trabalhar com artistas estrangeiros?

YAMA-B: Muitas ideias vem da minha assessora polonesa. Neste momento estamos lentamente começando a colocá-las em ação. Essa entrevista é um desses pequenos passos!

Você pode nos contar sobre a cena do metal no Japão?

YAMA-B: No momento, as bandas mais populares no cenário do metal japonês são as bandas femininas. Essa tendência chama-se "jyo-metal". As gravadoras ultimamente possuem muito interesse em fechar contratos com bandas femininas.
Além disso, o movimento visual kei é bastante popular há algum tempo. Porém, apesar de muitas bandas visual kei serem frequentemente de metal, no Japão elas são consideradas como um gênero diferente. E mais, esse movimento possui uma base de fãs completamente separada, então os metaleiros "de verdade" não interagem com os fãs de visual kei. No cenário do metal, a popularidade da Galneryus não parece mudar. E, apesar de eu não ser mais um membro, isso me deixa muito feliz!

Por fim, há mais alguma coisa que você gostaria de dizer aos fãs europeus?

YAMA-B: Essa será minha primeira turnê internacional e minha primeira viagem ao exterior. Nós queremos muito estreitar nossas relações com a Europa. Nós pretendemos dar o nosso melhor, mas ao mesmo tempo precisamos do apoio de vocês. Farei o meu melhor!


Nossos agradecimentos à assessora de YAMA-B, Dorota "Nika" Janiszewska, por organizar e traduzir esta entrevista!

Por favor, visite o perfil no Facebook de YAMA-B para conhecer mais.
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