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The Next Music from Tokyo vol. 5 - Primeira noite em Toronto

15/06/2013 2013-06-15 18:00:00 JaME Autor: Christine Tradução: Nasake, Shin

The Next Music from Tokyo vol. 5 - Primeira noite em Toronto

A quinta edição da turnê The Next Music from Tokyo começou com um primeiro show animador em Toronto.


© Ken Tran
The Next Music from Tokyo é uma turnê que busca trazer bandas proeminentes da cena indie do Japão para o Canadá. É um trabalho de amor para o fundador Steven Tanaka, que não somente escolhe a dedo todas as bandas, organiza e promove o show, mas também doa dinheiro para cobrir os gastos da turnê - incluindo o assombroso preço da passagem aérea para trazer as bandas do Japão - puramente pelo desejo de partilhar uma amostra do cenário da música progressiva japonesa com seus conterrâneos canadenses.

A turnê está agora em sua quinta edição e acumulou uma forte reputação, frequentemente vendendo todos os ingressos dos shows em Toronto e recebendo elogios da mídia local. O JaME conseguiu acompanhar o primeiro show em Toronto, no dia 17 de maio.

O Rivoli, um bar e restaurante com salão de bilhar no andar de cima, foi um ambiente improvável para mostrar os talentos daquela noite, mas um lugar surpreendentemente espaçoso ao fundo estava lotado com uma plateia quase completamente cheia e ansiosa para ouvir o que as bandas tinham a oferecer. Era nítido que essa não era a primeira vez no evento para muitas pessoas do público, e que também não seria a última.

A noite começou um set acústico surpresa da vocalista do garafromhell, Yoko Tatejima.

Yoko Tatejima

Tatejima apresentou sozinha algumas canções acústicas sentimentais, pontuadas com alguns fortes trechos de ênfase. Suas expressões faciais enquanto cantava, incluindo um intenso contato visual com a plateia, com os olhos parecendo prontos para derramar lágrimas durante algumas das músicas mais tristes, deram à simples performance um peso impressionante, apesar de alguns membros da plateia falarem alto durante boa parte do tempo. Suas tentativas de falar inglês foram um tanto desajeitadas e muitas vezes ela voltava ao japonês, tropeçando em suas palavras até que Tanaka traduzisse para ela, ou pessoas da plateia gritassem a palavra que ela estava procurando; o público a apoiou e riu com ela.

Todas as canções eram altamente nostálgicas e autobiográficas, especialmente porque Tatejima dava uma breve introdução em inglês para cada uma delas; incluindo uma inspirada no filme "Toy Story 2", sobre trabalhar como garçonete em um churrascaria buffet e assim por diante. Após apresentar seu mini-álbum solo de cinco faixas e uma canção final, que mostrou o alcance de seu vocal, transitando entre sussurros e notas longas e poderosas, todos estavam aquecidos e prontos para começar.

harafromhell

Após assistir o set acústico realizado por Tatejima, foi um pouco chocante quando a bateria entrou com força e ela começou a balançar os braços em círculos malucos. Os membros da banda imediatamente começaram a curtir com a música otimista, e mesmo assim agressiva, batendo cabeça de acordo com a batida, enquanto Tatejima dançava em círculos e cantava com toda a força. Durante os MCs, Tatejima ainda parecia um tanto tensa e teve dificuldade em articular seus pensamentos em inglês, mas foi resgatada pelo guitarrista Kento Hara, que conseguiu se comunicar com a plateia usando frases diretas e simples. As frases mais engraçadas foram uma série do tipo "Vocês gostam de sushi?" "Sushi é a comida da alma japonesa. Vocês gostam de tempura?" "Tempura é a comida da alma japonesa." "Sushi e tempura são as comidas da alma japonesa. Minha alma é sushi e tempura."

Além de Tatejima, Hara definitivamente era o membro mais animado de se assistir, pulando por aí e tocando com uma energia incomparável por qualquer outra apresentação. Não é de se surpreender que o nome "harafromhell" ("hara do inferno") venha de sua tendência de tocar seu instrumento como um demônio. O contraste entre ele e o segundo guitarrista, Goh Yamaguchi, mais reservado, era particularmente surpreendente.

A multidão estava atenta e um tanto tímida durante a maior parte do set do harafromhell, mas durante as últimas canções os fãs das primeiras fileiras recompensaram a banda, dançando e até batendo cabeça. Houve até alguns crowd surfers. E com certeza foi merecido, já que o harafromhell deu tudo de si e seu estilo de rock agressivo e melódico certamente ganhou muitos fãs novos.

Tanaka, que apresentou o evento, fez uma breve introdução para cada banda e para o próximo grupo mencionou que a música deles é "majestosa" e que às vezes eles se levam demais a sério.

Kinoko Teikoku

E os membros da Kinoko Teikoku eram mesmo muito sérios, apresentando um rock lento e introspectivo sob uma luz escura, com expressões focadas e determinadas nos rostos. Porém, com o clima ameaçador e sobrenatural que a música deles criara, seria um pouco dissonante vê-los brincar com a plateia como a banda anterior. "Majestoso" foi uma descrição muito precisa dos sons que eles produziram naquela noite, e ficou nítido com os olhares perplexos no rosto dos membros da plateia ao fim da primeira canção que eles haviam deixado uma forte impressão. Apesar de o guitarrista A-Chan ter falado um pouco, Kinoko Teikoku optou por manter o papo furado no mínimo, passando rapidamente de uma música a outra, dificilmente parando tempo suficiente para permitir que a plateia mostrasse sua apreciação. Mas a música certamente falou por eles, mudando de momentos suaves e serenos para sessões barulhentas e ressoantes, que pareciam encher lentamente o local com ondas sonoras. Um dos pontos altos do set foi WHIRPOOL, que, em seu berrante clímax, pareceu de verdade com a versão musical equivalente a ser envolvido por água corrente, com a voz suave e clara do vocalista Sato flutuando lindamente sob o caos.

O baixista Shigeaki Taniguchi tocava com os olhos fechados e balançando o corpo durante boa parte do set, e com o sentimento sonhador da música da banda e a luz suave era difícil ouvir e não ficar no mesmo estado. A banda extraiu gritos animados da plateia do início ao fim, e quando eles anunciaram que era hora da última canção muitos novos fãs soltaram um "aaaw!" Novamente houve um pouco de bate-cabeça e crowd-surfing próximo ao fim do set, especialmente durante o refrão contagiante de Kokudou Slope, que ajudou a terminar a performance com uma nota surpreendentemente otimista.

CHI-NA

Enquanto Kinoko Teikoku trouxe o fator surpresa com sua combinação de serenidade e ondas de som, CHI-NA trouxe um clima divertido e despreocupado, que fez as pessoas baterem palma e sorrirem. Antes da performance Tanaka mencionou que eles são a primeira banda na história do The Next Music from Tokyo a ser convidada pela segunda vez, e após ver a reação da plateia não foi difícil entender o por quê. Possivelmente o destaque do show, a mistura animada de elementos clássicos e indie pop fez até mesmo os membros mais hesitantes da plateia dançarem, e em especial a energia da violinista Yukako Shiba, que não somente tocava seu instrumento com uma intensidade impressionante, mas com um sorriso animado e luminoso rapidamente contagiou a plateia. A vocalista Kyoko Shiina também estava muito animada, tocando seu teclado com um balanço descontraído e mostrando seu peculiar senso de humor ao usar um triângulo e guinchos agudos como os de um rato em diferentes momentos do set. A performance da banda também incluiu alguns momentos surpreendentemente intensos e barulhentos, com todos os membros arrebentando seus instrumentos, o que manteve cada canção única e nova.

CHI-NA também se destacou como o grupo mais influenciado pela sua viagem ao Canadá, eles até mesmo mencionaram que nomearam uma canção em homenagem ao Granville Island Market de Vancouver. A afeição deles pelo país também se mostrou quando eles interagiram com a plateia, e Shiina veio preparada para enfrentar a barreira de idioma com uma folha com frases em inglês para ler, e até apresentou uma música de seu álbum mais recente inspirada em Toronto.

Com o prosseguir da noite, o clima tornou-se mais e mais casual, com os membros da banda andando entre a plateia, dançando com as performances e posando para fotos.

mouse on the keys

mouse on the keys, a única apresentação instrumental da noite, levou um tempo para se organizar, mas quando tudo estava em seu lugar e as luzes se apagaram, ficou claro que eles eram dignos da espera. Notavelmente, o baterista Akira Kawasaki era incrivelmente poderoso, fornecendo uma contraste violento com o dilúvio de piano e teclado vindo dos outros membros; suas baquetas pareciam deixar imagens fantasmas coloridas quando ele tocava. O solo sensual de saxofone do membro suporte Jun Nemoto no início do set foi outro destaque, adicionando pimenta ao som de jazz e rock com bastante piano da banda.

Vestidos totalmente de preto, mouse on the keys também foi o único grupo da noite que deu ênfase ao aspecto visual da performance. Eles se apresentaram quase na total escuridão, exceto por pequenas iluminações de mesa para enxergar seus instrumentos, enquanto padrões abstratos preto e branco evocando pedras e água eram projetados no palco, produzindo sombras em seus rostos e mãos enquanto eles tocavam.

Apesar de terem sido convidados para tocar em muitos outros países, essa foi a primeira apresentação da banda no Canadá, o que o pianista/tecladista Daisuke Niitome informou com um inglês claro e conciso durante uma pausa entre as canções. Porém, além disso, alguns gritos de "1-2!" e um "obrigado!" de Kawasaki, a banda parecia desejar deixar que seus instrumentos falassem por eles. E eles fizeram, claro e em bom som.

De forma geral, a quinta edição do The Next Music from Tokyo foi verdadeira ao seu nome: a apresentação de músicas novas e sinceras, com um clima bastante convidativo. Não é de se surpreender que a turnê tenha atraído tantos seguidores devotos.
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Data Evento Local
  
17/05/20132013-05-17
Show
CHI-NA, harafromhell, Kinoko Teikoku, mouse on the keys
Rivoli
Toronto (ON)
Canadá
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