O grupo
HEXVOID, que se autodescreve como "NEO TOKYO CHAOTIC GROOVE METAL CREW"
[1], foi formado em 2007. De início, não havia muita atividade por parte deles e a banda havia conseguido lançar somente um álbum, junto com muitos lançamentos duplos e demos. Porém, não se pode dizer que a banda é totalmente desconhecida. Na verdade, eles parecem conhecer as pessoas certas: o renomado jornalista musical
Yuuichi Masuda descreveu o
HEXVOID como “a fera desconhecida do Japão”.
Agora, no mesmo ano que outro monstro japonês assolou o litoral americano, a
HEXVOID pretende fazer o mesmo. Seu novo álbum,
RAVEN, mostra o som de metal alternativo e pesado da banda ameaçadoramente atravessando o Oceano Pacífico e aterrissando nos EUA. Será que essa fera encontrará um lugar para fazer seu ninho, ou irá somente fazer a população gritar de medo? Julgando por esse lançamento, o som da
HEXVOID é extremamente parecido com um filme kaiju
[2]: é enorme, dá medo e, às vezes, chega até a ser um pouco divertido.
A fera se aproxima ao som de
(hollow), uma eficiente faixa de introdução que se rasteja através de notas horripilantes de piano e falas altamente distorcidas. Porém, o ataque realmente tem início com
New World, onde
ERC grita para dar vida a uma canção monstruosa que gradualmente se edifica em um crescendo maníaco e inesperado. A faixa seguinte,
For Myself, é uma conquista impressionante, com um vídeo psicodélico que serve como um guia para toda a energia e emoção que a
HEXVOID põe na canção. A interação entre grito e canto, algo que a banda realiza com muita habilidade, está em seu ápice aqui.
Sign, a faixa seguinte, relembra uma forte tempestade, com um vocal caótico e guitarristas que momentaneamente se dissipam em interlúdios pacíficos.
A seguir vem
Mosh & Beer que, surpreendentemente, é tão divertida quanto o título sugere. Apesar de ser uma das faixas mais furiosas do
RAVEN, a canção pula com um tipo de energia desorganizada que permite com que todos os membros fiquem loucos.
Shapes Of The Cloud mostra uma faceta mais prístina do que a que a banda havia mostrado até então, e é simplesmente lotada de emoções, com seu vocal límpido e guitarras fulminantes.
Clash possui uma sensação similar e é uma das faixas mais discretas do álbum, permitindo que
Hajime satisfatoriamente leve sua poderosa bateria ao centro das atenções.
Discharge traz de volta o som mais agressivo das canções do início do álbum, com uma introdução intimidadora que imbui à música uma energia feroz e implacável.
Fighter soa exatamente como o título indica e seu ritmo dinâmico certamente garantirá seu lugar como a favorita das rodas-punk.
A próxima faixa,
Taken, é outro destaque. Apesar de o álbum inteiro poder ser descrito como “incessante”,
Taken é a faixa na qual isso se torna mais proeminente. Uma ponte estranhamente nebulosa, como um sonho, permite que os ouvintes respirem; porém o restante da canção é tão agressiva quanto as canções dos maiores nomes de metal extremo.
River, a última canção completa, possui, discutivelmente, o som mais acessível do álbum, com muito pouco de vocais pesados. É uma faixa com um som familiar que ajuda a encerrar a ofensiva num tom mais calmo, acompanhada pelo outtro carnavalesco,
(wake up).
A
HEXVOID é uma daquelas bandas que parecem destinadas ao sucesso. As canções presentes no
RAVEN são todas compostas com habilidade, mas falta a estranheza experimental que muitas bandas sob o subgênero de “alternativas” normalmente possuem. A experimentação pode ser boa, mas não é necessária para o HEXVOID. O som deles é extremamente polido e é aparente que os membros são incrivelmente competentes. ERC, em especial, é um vocalista impressionante, mas cada membro é implacável com suas contribuições para esse maravilhoso ataque auditivo que é o RAVEN. A HEXVOID pode continuar confiante sobre seu sucesso enquanto passa como um furacão através do Oceano Pacífico. Esse é um monstro o qual os estadunidenses ficarão felizes em ter ao seu lado.
O RAVEN chegou ao Japão em 10 de setembro e será llançado nos EUA em 3 de outubro.
[1] N.T.: Significa algo em torno de "Novo Grupo de Metal Caótico Rítmico de Tóquio".
[2] N.T.: “Kaiju” ou “Kaiju eiga” são filmes com monstros gigantes como, por exemplo, Godzilla.