Entrevista Exclusivo

Entrevista com a BlackLab

12/07/2020 2020-07-12 20:00:00 JaME Autor: Christine Tradução: Nana

Entrevista com a BlackLab

A “dupla de bruxas doom” BlackLab discute seu novo álbum “Abyss”, seu processo criativo, e como elas têm passado o seu tempo durante a crise da COVID-19.


© BlackLab. All rights reserved.

Apelidadas de “dupla de bruxas doom”, a BlackLab toca stoner/doom metal pesado com um toque de punk e com uma “vibe” que leva a comparações com a Boris. Elas lançaram digitalmente o seu segundo álbum, Abyss, pelo selo britânico New Heavy Sounds em 8 de maio e fariam seu primeiro show internacional no Desert Fest em Londres. Infelizmente, o evento teve que ser cancelado devido à crise da COVID-19, então os fãs estrangeiros terão que esperar um pouco para vivenciar uma de suas performances ao vivo.

Contudo, apesar de seu som e visual sombrios, a BlackLab se mantém positiva. O JaME conseguiu algumas informações da guitarrista e vocalista Yuko Morino e da baterista Chia Shiraishi sobre o novo álbum, suas raízes musicais, e como elas vêm usando seu tempo na quarentena.


O que atraiu vocês para o doom e stoner metal? Algum artista em particular inspirou vocês ou foi algum aspecto do som ou da cena que as atraiu?

Yuko Morino: Para ser honesta, eu não estão tão familiarizada com a cena musical doom/stoner metal. Desde jovem, eu amo rock pesado psicodélico e rock dos anos 70, como The Stooges e Led Zeppelin. Claro que eu também amo o Black Sabbath. Também fiquei chocada de ver que Sleep e Cathedral estavam incluídos na compilação de MVs que foi lançada pela Earache nos anos 90. Naquele tempo, eu ainda não sabia que existia um cenário chamado doom/stoner metal. Minha descoberta favorita mais recente é o The Dead Weather. Eu sinto que essa música me levou a descobrir o doom/stoner metal, mas ainda estou procurando por mais.

Sua apresentação no Desert Fest em Londres infelizmente acabou sendo cancelada devido à crise da COVID-19. Vocês ainda planejam ir para o exterior no futuro? Se sim, tem algum país, além do Reino Unido, que vocês gostariam de visitar se tivessem a oportunidade?

Yuko Morino: Se possível, eu gostaria de me apresentar no Desert Fest no ano que vem. Por hora, não há planos para uma turnê no exterior. Os fãs na Europa, EUA, Taiwan, China e em muitos outros países esperam ver um show nosso. Eu quero ir a vários países, mas não tenho nenhum específico em mente.

Mas, no mundo pós-corona, espera-se que os preços das passagens de avião estejam altos e que as atividades globais sejam limitadas. Por causa disso, fazer uma turnê pode ser difícil.

Chia Shiraishi: Eu fiquei muito decepcionada a respeito do Desert Fest, mas eu não perdi as esperanças para o ano que vem. Não temos nenhum plano de shows no Japão nem no exterior, mas gostaríamos de fazer um em cada país que tenha alguém que queira nos ver. Eu tenho interesse em ver a cena musical underground de lugares como a China, a Coreia do Sul e Taiwan



Como Abyss difere do seu álbum anterior Under The Strawberry Moon 2.0? Vocês tentaram algo novo nesse lançamento?

Yuko Morino: O método de gravação não mudou em relação ao trabalho anterior. A propósito, o que tivemos para jantar (pizza da Domino’s) foi o mesmo. Enfim, microfones e pedais de guitarra foram as únicas coisas que mudaram. Mas adicionar alguns pedais realmente valeu a pena para criar um novo som de guitarra. Eu adicionei um wah blender fixo e um buffer ao meu setup. Especialmente, o Atomic Cock da Daredevil (wah blender fixo) funcionou muito bem. Como resultado, o som da guitarra foi ficando mais louco que o do álbum anterior. Além disso, eu tentei sobrepor os sons do Moog em uma única música.  Ah, outra coisa, Chia fez um coro e um som de sino em uma música.

Como é o processo de composição de vocês? Tem algo que buscam como inspiração?

Yuko Morino: Minha composição é sempre inspirada pela imagem visual de filmes e cenas de mangás que vi no passado. Por exemplo, "Edward Mãos de Tesoura", "Brasil", "Mad Max", "The Ring Virus", "JoJo's Bizarre Adventure", "AKIRA” e outros.

Sobre a maneira que eu costumo a escrever músicas, primeiro, eu defino grosseiramente o tipo de música que quero escrever. Rápida ou devagar, tempo regular/irregular etc. A seguir, tem os riffs que vêm a minha mente no meu dia a dia. Eu organizo-os, desdobro-os e monto a configuração. E então nós temos seções de improviso no estúdio, onde eu e a Chia fazemos a música juntas. Após diversos ensaios, o ritmo da bateria é decidido. Nós completamos a música dessa forma e, então, criamos a melodia vocal. Finalmente, eu insiro a letra na melodia.



Alguma música de Abyss foi particularmente difícil de escrever ou gravar?

Yuko Morino: Não tivemos muito tempo entre terminar as músicas e gravá-las, então isso foi um pouco desafiador. Contudo, eu acho que isso foi bom para nos manter mais focadas na gravação. Então, nós pudemos tocar com uma mentalidade muito positiva. Quanto a gravar as guitarras, eu não sou muito boa fazendo a guitarra principal. Eu cometi erros diversas vezes e tentei de novo. Isso me chateou todas as vezes. Chained foi a que mais tivemos que refazer. A abertura tomou muito tempo. Foi difícil escrever a melodia no verso de Weed Dream. Não foi fácil uma melodia que se encaixasse no meu alcance vocal.

Chia Shiraishi: Nós gravamos a guitarra e a bateria juntas. Então, se eu cometo um erro, a Yuko tem que começar de novo, certo? Quando eu pensava nisso, eu ficava nervosa, então tinha muita pressão pra lidar e muito trabalho na minha cabeça.

Vocês mencionaram que não apenas os show no Reino Unido, mas também os do Japão foram cancelados devido à crise da COVID-19. Como vocês têm passado o seu tempo?

Yuko Morino: Eu passo a maior parte do meu tempo em casa. Mas fizemos um novo vídeo de Weed Dream, um show sem plateia e o gravamos em vídeo. Eu passo o resto do meu tempo cozinhando, escrevendo músicas e procurando por novos riffs enquanto toco guitarra. Ah, e pensando nas respostas das entrevistas. Como agora.

Chia Shiraishi: Eu gosto de fazer o que quero em casa. Por exemplo, eu medito, olho a lua, tiro tarot... Estou relaxando. Eu quero manter esse sentimento de relaxamento mesmo depois que a COVID-19 acabar.



Vocês podem deixar uma mensagem para seus fãs estrangeiros, por favor?

Yuko Morino: Obrigada por nos apoiar. O mundo está um caos agora, mas a música nunca para. Algum dia, nós esperamos encontrar todos vocês no show. Obrigada.

Chia Shiraishi: Obrigada por sempre nos apoiarem. Eu penso no presente como um período preparatório e gostaria de encontrá-los com a melhor apresentação quando a segurança retornar ao mundo. Obrigada, com amor.

O JaME gostaria de agradecer à BlackLab e à For The Lost pela oportunidade dessa entrevista.

Abyss está disponível para download e streaming 
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