Entrevista com Tetsuya Komuro

Este ano, o evento Japan Expo teve como convidado de honra ninguém menos que o rei do J-pop, o compositor, produtor de sucesso e músico Tetsuya Komuro, uma verdadeira lenda viva no Japão.

Conhecido na França por sucessos de sua banda TM NETWORK, como Get Wild e SELF CONTROL ("City Hunter") e Beyond The Time ("Mobile Suit Gundam: Char Contra-ataca"), o artista ofereceu aos visitantes uma performance tecnológica, acompanhada de inteligência artificial.

Tetsuya Komuro falou sobre um tema muito atual na coletiva de imprensa realizada no domingo, assim como seu processo criativo, colaborações e momentos marcantes de sua carreira.

Você pode nos falar sobre FREEDOM, seu último projeto com Takanori Nishikawa para "Mobile Suit Gundam SEED Freedom"?

Tetsuya Komuro: Quando o projeto foi lançado, foi ele quem sugeriu a parceria. Eu sei há muito tempo que ele é um artista muito talentoso e que tem um grande conhecimento de "Gundam", quase como se ele tivesse criado a série, o que foi muito útil.

Existe alguma franquia em particular para a qual você gostaria de criar uma música?

Tetsuya Komuro: Existem muitas franquias para nomear todas, mas tenho alguns exemplos. Já nos anos 90, eu tinha tantas coisas para fazer que, quando fui chamado para "Ghost in the Shell", tive que recusar. Se eu tivesse uma segunda chance, gostaria de trabalhar em "Ghost in the Shell". Também tem uma obra de Naoki Urasawa, "20th Century Boys". Eu estudei com ele, e se algum dia eu puder fazer algo para sua obra, ficaria muito feliz.

Você prefere trabalhar tendo acesso às imagens previamente ou sem elas?

Tetsuya Komuro: Quando trabalhei em "City Hunter: Angel Dust", tive acesso às imagens previamente, mas não foram as que foram exibidas. No final, o diretor refez tudo para combinar com a música que eu havia criado. Isso é quase uma piada, pois ele me disse que foi a primeira vez que se sentiu ajudado pela música. De qualquer forma, sou do tipo que quer o máximo de informações possíveis antes de começar a trabalhar: penso especialmente no roteiro ou na história. Foi o que me permitiu sincronizar o riff da guitarra com a queda do robô em FREEDOM.

Você esteve em Cannes no ano passado, em junho, e fez um show usando imagens geradas por IA. O que você acha disso?

Tetsuya Komuro: Recebi muitos comentários após essa apresentação. A inteligência artificial foi desenvolvida para transformar as imagens da apresentação em cenas de animação em tempo real, mas nem sempre foi exato. Hoje, mesmo com novos avanços todos os dias, acho que a IA compreende bem o passado, mas não o futuro. Nesse sentido, a liberdade que o ser humano tem para criar sempre será superior. Basta ver as previsões do tempo, que nunca são perfeitas: o mesmo vale para o resto.

Como você vê a evolução da cena musical japonesa atual?

Tetsuya Komuro: Hoje, muitos artistas começam rapidamente suas carreiras internacionais. Eles vão a muitos lugares, e isso mudou muito em comparação a quando comecei. Se eu tivesse 20 anos hoje, acho que gostaria de fazer o mesmo. Em termos musicais, o J-pop de hoje é inspirado por sons europeus, americanos e coreanos. É uma música híbrida, e é aí que reside sua originalidade. Além disso, acho que os cantores atuais usam muito bem suas vozes, como a YOASOBI. O J-pop atual é rápido, com uma introdução curta e muitas letras. Tentei me opor a essa lógica em "Gundam", ajudando as pessoas a entrarem no filme com uma introdução longa.

Qual produção musical de anisong mais te marcou nos últimos anos?

Tetsuya Komuro: Não tenho um exemplo concreto para dar, mas acho que houve um aumento no nível, especialmente nas produções clássicas. Antes, o som parecia mais com uma trilha sonora, mas a qualidade melhorou. Nesse sentido, isso também se aplica ao que mencionei anteriormente sobre o J-pop: sinto isso também no mundo da animação.

Como foi a colaboração com YOSHIKI?

Tetsuya Komuro: Meu único arrependimento é não ter colocado voz na parceria. YOSHIKI está muito ocupado, e em termos de saúde, como todos, fico um pouco preocupado com ele, e já que ele tem muito trabalho, evito falar com ele para não incomodar. Além disso, sou do tipo que quer criar logo, enquanto YOSHIKI precisa de muito mais tempo, então há essa pequena diferença.

Qual é a receita para criar um sucesso?

Tetsuya Komuro: Tenho uma carreira de 40 anos com muitas músicas no currículo, cerca de 1.500... Só isso já é um desafio para mim, sempre tentando fazer melhor. Agora, quando as pessoas me encomendam uma música, já conhecem meu estilo e pedem exatamente isso. Então, a resposta à sua pergunta é que eu escuto minhas próprias músicas. (risos)

De qual música você mais se orgulha?

Tetsuya Komuro: Ah, essa é uma pergunta difícil. Tenho muito orgulho de Get Wild, claro, e sei que vocês gostam muito dela por aqui. Também penso em todas as produções que fiz para Namie Amuro, e tenho um carinho especial por CAN YOU CELEBRATE?.

Como você está se sentindo antes do show no Japan Expo?

Tetsuya Komuro: Acho que normalmente há cerca de 200.000 pessoas no Japan Expo, certo? Com os Jogos Olímpicos, pensei que haveria menos gente, mas vendo os corredores, parece que é o oposto. Meu show é o evento principal, e mal posso esperar para ver como o local estará lotado. Aliás, desculpe se eu precisar sair, pois terei que me preparar!

O JaME gostaria de agradecer a Tetsuya Komuro e sua equipe pela organização da coletiva de imprensa.

Confira todos os seus grandes sucessos no Spotify: