HYDE: Live em USA - (07/2006)

Live Report - The Fillmore, São Francisco, Califórnia.

Desde que o anúncio do concerto de HYDE nos Estados Unidos surgiu no último dia de março, centenas de fãs estiveram pacientemente esperando pela estréia do artista no circuito americano. Os felizardos que conseguiram algum dos tickets para os shows lotados foram capazes de presenciar a perfomance extraordinária do cantor no palco. E aqueles que como nós foram privilegiados ou loucos o bastante, acompanharam todas as suas 4 apresentações.

6 de Julho de 2006 - Um pouco antes da meia-noite. Eu e meus amigos saímos do terceiro show do HYDE no Slim fazia pouco tempo. Nós não tinhamos chegado ao local cedo o suficiente para o enfileiramento, então quando conseguirmos entrar não estávamos próximos o suficiente da frente. Quando saímos do Slim e entramos em um táxi, decidimos que iriamos esperar pelo último show do HYDE no The Fillmore... desde aquele instante. Mantivemos uma rotação de pessoas para guardar nosso lugar durante o dia e a noite. Para nossa surpresa, já havia um outro grupo fazendo o mesmo! Mas até então, com certeza já teriamos um lugar garantido na frente do show.

As 8:00 PM as portas da The Fillmore finalmente se abriram. Nós estavamos esperando por aproximadamente 20 horas. Quando estavámos lá dentro, conseguimos rapidamente ocupar a frente do palco. Nossos esforços tinha sido recompensados. Eu estava de frente entre o microfone do HYDE e o baixista da banda. Era o lugar perfeito para mim. O resto das pessoas começou a entrar e o lugar se encheu. Tive a sorte de não ter sido empurrada para os lados ou esmagada na grade a força pelas pessoas. Meus amigos, por outro lado, disseram que havia pessoas brigando por lugares em todas as direções e muitos acabaram se machucando.

As 10:00 PM as caixas de som começaram a tocar o Ode à Alegria de Beethoven. Então HYDE entrou com sua banda no placo e calorosamente recepcionou a platéia. Era isso. Era o começo do último show, e eu estava assistindo da primeira fileira. Eu me agarrei às barras na minha frente, enquanto os fãs logo atrás de mim me empurravam, apesar de eu não estar saindo do lugar.

A primeira música da noite foi JESUS CHRIST, que trata sobre a quase morte de um ente querido e a questão da fé. Quando HYDE segurou seus braços enquanto cantava "Ah, God, give me death", sua voz poderosa se espalhou do saguão até o céu quando mais de 1,100 fãs apaixonados cantaram juntos. A próxima canção foi SWEET VANILLA, que fez toda a galera que estava de pé se arrepiar.

Logo após começou o solo de baixo de uma das minhas músicas favoritas, MADE IN HEAVEN. Eu estava em êxtase. Quando a melodia passou do mais baixo para a parte mais alta, o pessoal estorou. Todos levantaram os braçõs. Na hora em que HYDE cantou "I want your blood, give it to me... Come, drink my blood, lose all reason..." O desejo sem seus olhos falou conosco. Como seus seguidores fiéis, todos nós cantamos juntamente com o nosso líder.

"Vocês tem uma ótima voz", HYDE disse uma de suas pausas para conversar com a platéia.

Desde o começo da turnê, os fãs americanos sempre cantaram cada uma das músicas de HYDE. Uma fã japonesa, que viajou metade do planeta para ver HYDE aqui, disse que os fãs japoneses geralmente não cantam as canções totalmente e ao contrário do que ocorre aqui, não costumam empurrar durante os shows, ficando bravos quando alguém o faz.

Depois que todos já estavam devidamente animados, HYDE anunciou que a próxima canção seria sobre o amor, e que era chamada SEASON'S CALL. Enquanto nós recuperavamos nosso folêgo, o ritmo do show diminuiu desde a música hard rock passada. O empurra-empurra tinha parado, pelo menos por um momento. Os sentimentos e pensamentos de HYDE sobre seus entes queridos foram colocados à tona através da letra dessa música enquanto ele cantava "My beloved seasons call me. Because I always feel you in me." HYDE então dedilhou sua guitarra e começou a cantar e a tocar o solo de guitarra de EVERGREEN. A versão rock da sua canção debut foi triste e bela ao mesmo tempo, enquanto ele cantava sobre as memórias de um amigo que perdeu. A próxima canção foi a hard rock DOLLY.

"Vamos enlouquecer todos juntos!" HYDE exigiu.

As luzes piscaram no palco e o baixista, HIROKI, e o guitarrista, KAZ, foram até a frente para animar a platéia. Mais uma vezes, as pessoas estavam empurrando e dessa vez eu quase caí. Eu tive que me reconquistar meu lugar na frente segurando na grande. Mãos estavam balançando no ar todos estavam pulando de acordo com o ritmo da música. A intensa expressão de HYDE transmitiu o sentimento e a determinação que foi usado para descrever a volta de uma pessoa amada a vida usando clones e tecnologia. As músicas pesadas continuaram. IT'S SAD foi uma música sobre o julgamento dos seres humanos, as piores criaturas do mundo que causaram guerras e conflitos. HYDE condenou a raça humana nessa canção: "The ground will find some peace when we're gone. It's sad." ("O solo irá encontrar um pouco de paz quando nós formos embora. É triste.")

Enquanto as luzes do palco ofuscavam fracamente uma tonalidade prata, o baixista, HIROKI, começou seu lírico solo de baixo. HYDE o seguiu, dessa vez com sua guitarra semi-acústica. Ele e o resto da banda então nos agracejaram com vários pacíficos minutos de puro espetáculo. Com a mensagem do seu novo álbum sendo "amor e more", uma música começou a dar início a parte mais calma do show, PERFECT MOMENT, uma canção que HYDE descreveu como tendo sido passada em um momento tão perfeito que ele ficaria feliz se pudesse morrer nele. O modo magnífico de KAZ tocar guitarra era como um sonho, desprendido desse mundo. O baixo de HIROKI foi melodioso e expressivo. Essa perfomance deu uma amostra do falsetto de HYDE, que criou uma atmosfera tranquila para a música. O ritmo desacelerou novamento com o próximo número, FAITH, faixa título do seu último álbum.

Depois que a música parou era hora da introdução da banda. Durante as três primeira noites, essa parte foi feita por membros diferentes da banda de HYDE. Hoje, era a vez de HIROKI. Ele deu o melhor de si com seu inglês de sotaque forte para apresentar-nos os seus companheiros. FURUTON era o nome do baterista. JIN era o tecladista que estava usando uma capa negra e uma máscara branca, juntamente com grandes e assustadores deadlocks. KAZ era o poderoso guitarrista à direita, mostrando suas proeminentes tatuagens em ambos os braços. E é claro, nosso vocalista e guitarrista, HYDE, que não precisava de introdução, recebendo todos o maior número de vivas da platéia. Em determinada hora, HIROKI cometeu um deslize dizendo certas palavras em inglês, mas a platéia alegremente o perdoou.

"Venha, Lucy!!!" HYDE gritou em seu microfone.

Eu pulei vigorosamente quando ouvi essas palavras. Esse cover agitadíssimo de Lucy in the Sky with Diamonds, originalmente cantada pelos The Beatles, tinha sido o ponto forte dos três últimos concertos. Não foi exceção essa noite também. As luzes do The Fillmore até colaboraram para tornar a experiência ainda melhor jogando tons coloridos no palco durante os versos mais lentos. A grande maioria dos jovens da platéia provavelmente jamais escutaram a música original, mas isso não importava. Todos cantaram durante o refão e a platéia transformou-se numa grande onda de pessoas pulando, todas no mesmo tempo.

HYDE aproveitou-se dessa energia e começou a outra canção, o hit HELLO. Deixando a platéia cantar também, ele pouco cantou a letra. Nós cantamos com nosso coração, mesmo que as palavras fossem em japonês. Na maior parte do tempo ele estava longe do microfone e usou essa oportunidade para ficar mais perto dos fãs. Ele deve ter muito orgulho de nós. Depois do final da música, ele veio diretamente na minha frente e começou a dedilhar sua guitarra. Todos gritaram. Ele fez isso denovo, e nos gritamos denovo. Esse ciclo continuou por mais algumas vezes e por fim, fomos levados a canção PRAYER, uma canção rock pesada e de tempo mediano. A platéia se animou denovo ao som de MIDNIGHT CELEBRATION, que levou o show ao seu outro climax. Novamente HYDE pouco cantou e deixou que a platéia o fizesse. Ele não parecia se importar. Mas antes que todos percebessem, o tempo passou e ele deixou o palco.

Me encontrei devolta à realidade, mesmo que por alguns momentos. Eu descansei meus braços na grade em minha frente. Eles estavam doloridos por estarem levantados por tanto tempo. As minhas pernas estavam cansadas de tentar me manter na minha posição e sobreviver ao empurra-empurra dos outros fãs. Um coro de encore começou a soar pelo hall mas eu decidi salvar minhas últimas energias para quando HYDE voltasse. Quando a adrenalina estava rolando solta, eu não percebia o meu cansaço. Mas agora durante o tempo de folga, eu percebi que estava exausta. Eu descansei minha cabeça em meus braços e esfriei por um tempo.

Após 10 minutos de coro HYDE e sua banda voltaram para o encore. A platéia começou a se mover novamente, mas eu estava me segurando firmemente. HYDE pediu-nos para contar de treze até um com ele e nós o fizemos, dando inicío a COUNTDOWN. Depois, a guitarra de HYDE acompanhou sua voz até o começo de HIDEAWAY, uma das favoritas do público. E antes da canção final da noite, ele fez mais uma pausa para conversar conosco. Ele agradeceu aos membros de sua banda, mandando beijinhos para eles. Também agradeceu ao staf da turnê e o mais importante, a todos nós da audiência.

Durante toda sua tour pelos USA HYDE nos contou de o quanto ele tinha se divertido tocando para a gente. Ele disse que estavam muito feliz e perguntou se voltaríamos caso ele decisse tocar aqui novamente. E dessa vez, ele fez uma promessa:

"Eu vou voltar."

Um salva da platéia seguiu-se. E combinando com esse desfecho, a música final foi UNEXPECTED. Eu presenciei diversas emoções e não sabia como reagir. Eu estava triste porque a turnê estava acabando mas ao mesmo tempo, agora eu tinha algo a que esperar - o retorno de HYDE. No final, minha esperança de ver HYDE no futuro novamente foi capaz de segurar as minhas lágrimas que teriam caído ao final dessa incrível turnê.

Decidi-me por cantar com o resto da platéia, a letra simples "Unexpected. Promises woven." Nossas vozes ecoaram por todo o espaço da casa de shows e especialmente durante o momento em que todos pararam de tocar. Parecia que o tempo tinha parado. E na conclusão da música, HYDE se jogou ao chão, tocando guitarra deitado nele.

E então, acabou. HYDE mandou beijinhos e foi embora da platéia com vários salvas e aplausos. Os outros membros da banda jogaram baquetas e palhetas para a platéia. Apenas os sortudos e os que foram corajosos para enfrentar todos conseguiram levar algum souvernir para casa. A palheta de HIROKI veio em minha direção, mas no final, outra pessoa o pegou.

Eu disse isso para os meus amigos, mas deixe-me escrever aqui também. As palavras de HYDE tocam minha mente e sua música sempre teve um lugar no meu coração. E mesmo agora que sua turnê acabou eu vou sempre me lembrar dessa semana em minha vida em que eu não fiz nada além de capturar seu sorriso, seu olhar, suas palavras, sua voz e sua música dentro de mim. Eu me sinto extremamente privilegiada de ter tido a chance de ser parte de algo tão intenso e especial por uma semana. E isso, ninguém poderá tirar de mim.

Escrito por Wynne Ip
Traduzido por suu
Fotos do show por KAZUHIKO TSUCHIDA