Entrevista

Entrevista com o An Cafe no A-KON.

16/06/2007 2007-06-16 12:00:00 JaME Autor: Cynthia Tradução: < GANESA >

Entrevista com o An Cafe no A-KON.

No segundo dia do A-KON, o JaME fez uma entrevista exclusiva com o An Cafe.


© U-Project
O An Cafe fez sua primeira aparição fora do Japão no A-KON, em Dallas, Texas, Estados Unidos, no primeiro fim de semana de junho. A banda não chegou a tocar mas, da mesma forma, foi recebida carinhosamente pelos fãs americanos. O grupo participou de uma coletiva e de sessões de autógrafos. No segundo dia do evento, o An Cafe teve tempo de ceder uma entrevista ao JaME.

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Em primeiro lugar, gostariamos que voces se apresentassem para os leitores do site que ainda nao conhecem a banda.

Miku: Sou o vocalista, Miku, e meu hobby é cozinhar.
Kanon: Sou o baixista, Kanon, e o meu é assistir a animes.
Teruki: Sou o baterista Teruki, meu hobby é ver o por do sol.

O An Cafe é conhecido como uma banda Oshare kei, o que traduz-se por um visual bonito, colorido e juvenil. O que os levou a escolher esse tipo de visual?

Miku: Quando começamos a tocar ao vivo, havia varias bandas com diferentes tipos de aparencia. Gostávamos do famoso estilo de Harajuku', decidimos fazer esse tipo.

O nome da banda romanizado é soletrado “antikku koohiiten”. De onde, entao, saiu "an cafe”?

Miku: A tradução de ‘koohiten’ é ‘cafe’.

O tema ‘café’ é usado não só no nome da banda, mas tambem para referir-se aos fas e ao empresario de vocês; seus fas sao os ‘Cafekko’, ou 'Bebes Cafe', e seu empresário é conhecido como Red Cafe. Por que o tema 'café'?

Teruki: O nosso primeiro show foi ambientado no estilo de um café.
Miku: Bou, ex-membro da banda, gostava de corridas de cavalos. Havia um cavalo chamado ‘Manhattan Cafe’ e Bou queria esse nome pra banda. O resto do grupo pensou 'Não, não é uma boa idéia' (risos), e mudamos o nome para ‘An Cafe’. Não existe nenhuma ligação especial com cafés. Simplesmente aconteceu de escolhermos esse nome.

Miku, você usa varias palavras interessantes como ‘nyappy’, ‘tiramisu’, e ‘poppoo’, por exemplo. Por que a idéia de usar essas palavras e quando elas são mais usadas?

Miku: Cada uma tem um significado, vamos começar com ‘nyappy’. Queríamos criar uma linguagem exclusiva pra ser usada entre Cafekko do mundo todo e nós. Por exemplo, se nos encontrássemos em Harajuku, nos diriam ‘nyappy’, e nós responderíamos ‘nyappy’. ‘Tiramisu’ é ‘tenha um bom dia' (risos). ‘Poppoo’ vem de ‘hato’ [traduz-se ‘pomba’], que é um símbolo da paz e,‘poppoo’, é o som que as pombas fazem.

Kanon, quais são as suas influências musicais e como te influenciam?

Kanon: Quando jovem ouvia Mr. Children. Cresci e passei a ouvir bandas tipo Glay e Fuji Fabric.
Miku: (Provocando) Elas infuenciaram nas musicas, na melodia ... (todos riem.)
Teruki: Os padrões do ritmo. (todos riem.)

Kanon, durante a sessão de autógrafos de ontem, uma fã pediu pra você assinar seu baixo. Como você se sentiu com aquilo?

Kanon: Me senti honrado, me lembrei de quando eu era um fã e o que um autógrafo daquele significaria pra mim.

Teruki, você tocava em uma banda chamada Feathers-blue. Qual a maior diferença entre ela e o An Cafe?

Teruki: O relacionamento entre os membros da banda. Na minha banda anterior, havia uma pessoa que decidia tudo. Ele fazia todas as músicas e o resto só tinha que seguir. No An Cafe tem toda uma atmosfera mais liberal,todo mundo decide o que deve ser feito, como uma banda.

Vocês ja foram modelos de várias marcas como Sex Pot Revenge e Angelic Pretty. Como surgiram essas oportunidades?

Miku: São marcas de Harajuku, e como a imagem de Harajuku combina com a gente, algo entre o Gothic Lolita e a moda punk, eles nos descobriram e começamos a trabalhar juntos.

O público de vocês é bastante jovem, bem como aqueles de Harajuku. Por que vocês decidiram atingir esse tipo de audiência?

Miku: Na cena Visual kei, há pessoas que se identificam mais com o 'dark' e o gótico, e os que se identificam com o 'pop' de Harajuku, que combina mais com a gente. Queríamos ser mais 'popular', e pensamos que esse era o tipo de fãs que nos seguiria.

Falem-nos do passo-a-passo na hora de compor, das letras à música, do arranjo à gravação.

Teruki: Uma coisa que reparei conversando com outros músicos é que nós gastamos muito mais tempo fazendo uma única música. Por exemplo, quando estamos juntos pra escrever uma música, ele [aponta para Miku] diz como quer fazer, mas, ao mesmo tempo, todo mundo pode falar e dar a sua opinião tambem. A gente perde muito tempo nisso antes de começar a gravar.

Com todas essas opiniões diferentes, vocês entram sempre num acordo ou alguém tem que ceder?

Teruki: Acho que dá pra chamar de um acordo, mas se define melhor por 'trabalho de equipe'. Exemplo: Miku e eu discutimos frequentemente, mas sempre respeito o que ele diz. Se acontece, após uma dessas discussões, de ficar claro que a idéia de Miku era melhor, aceito sem problemas.

Em 2003, o single Candy Holic ficou em segundo lugar na lista dos indies mais vendidos da Oricon. Como se sentiram com uma colocação tão boa no comecinho da carreira da banda?

Miku: Fiquei surpreso! Não dava pra acreditar que éramos o número 2. Mas no começo eu era ingênuo, sabia tudo sobre Visual kei e pensava que 'era fácil'. Mas o single nao subia de posição nas paradas e entendi que deveria trabalhar mais serio.

A formação da banda mudou, voces contam agora com dois novos membros. O som do An Cafe vai mudar também?

Miku: Não pretendemos ir muito longe do que o antigo An Cafe fazia, mas obviamente que com dois músicos novos uma sútil mudança vai acabar acontecendo. Nós respeitamos e estamos abertos às ideias que Takuya e Yuuki têm pra oferecer e que, quem sabe, podem acrescentar algo bom a banda.

Era o Yuuki que tomava conta dos teclados antes de se tornar oficialmente membro da banda?

Teruki: Ele toca piano clássico e não tinha tido experiência com banda antes.

Vocês fizeram um filme, Kyu~bonds, que veio de bônus num photo book de vocês; vocês mesmos o escreveram? Como surgiu essa idéia do filme?

[Os membros da banda conversam e riem entre si quando não conseguem se lembrar.]
Miku: Escrevemos parte dele. Quando visitando varias cidades do Japão, pensamos na palavra 'fronteira', em ter essa 'ligaçao' com outras pessoas. Então pensamos em fazer um filme sobre a verdadeira 'ligação' que as pessoas tem entre si e 'nos ligar' a todo mundo. Saímos por toda a parte apertando a mão das pessoas.
Teruki: Durante aquela viagem, a fim de simbolizar a ligação entre as pessoas, distribuímos munhequeiras / braceletes vermelhos pra todo mundo. Nós e os fãs as usavamos o tempo todo.

Vocês tem planos de fazer um outro filme?

Teruki: Adoraríamos fazer um filme com os novos membros e expandir as nossas fronteiras também pra fora do Japão, por todo o mundo.

Alguns de seus videoclipes são bastante engraçados, como o de Maple Gunman, no qual vocês se vestem de cachorro e policial. Vocês mesmos tem essas idéias?

Kanon: A idéia do Maple Gunman veio do Miku quando ele disse “a palavra-chave é ‘gunman’, que significa ‘gun’ (arma), que lembra ‘policial’”. Então pensamos em uma história policial. [Miku cantarola uma parte da música.] E Miku queria que alguém fosse preso enquanto ele cantarolava. (Todos riem.)

Vocês costumavam ter um programa de radio mensal na internet, “Radio Cafe”; ele ainda existe? Por que razões vocês o criaram? Vocês acham que o programa os aproximava dos fãs?

Teruki: A gente ainda tem o programa, mas, por causa da turne, não pudemos fazer nos dois últimos meses.
Miku: Eu gostaria de ouvir um programa de rádio feito por alguém que eu gostasse. Isso me faria sentir, sim, mais próximo da pessoa. Só o fato de ouvir a voz da pessoa perto de mim já me faria sentir como se estivéssemos próximos fisicamente. Por isso quero continuar com o programa, e manter esse sentimento entre os fãs e eu.
Teruki: Eu e o Miku temos um outro programa chamado ‘Neo ID’, que é semanal. Os ouvintes nos enviam seus problemas e nós dois os debatemos. O programa é bem interessante, tem bastante coisa, mas penso que o mais legal é justamente os fãs nos enviando seus problemas, pensamentos e sentimentos, que nós discutimos e damos, cada um, a sua opinião. E, as vezes, nós discutimos no ar. (Todos riem.)

Mesmo sem ter se apresentado no A-KON e sem ter tido a chance de ver como o público daqui reage à sua música, como se sentem estando com os fãs dos Estados Unidos pela primeira vez?

Miku: Minha percepçao dos fãs daqui era diferente. Achava que as pessoas aqui nos tratariam como se fossemos personagens de um anime. Mas quando de fato encontramos os fãs, percebi que eles realmente gostavam de nós, nos respeitavam e estavam esperando por nós. Me senti honrado.

Vocês esperavam que eles fossem ser tão participativos na coletiva de ontem?

Teruki: Fiquei surpreso com o entusiasmo deles.
Miku: Estávamos bastante nervosos e os fãs fazendo aquele monte de perguntas acabou nos ajudando a relaxar. Gostaria de agradecê-los por isso.
Teruki: No Japão costumam dizer que ‘tudo flui com o An Cafe’. Então, nao há diferença se estamos com fãs ou sozinhos. Sempre podemos falar de tudo de maneira bem natural.

Agora que vocês sabem que tem muitos fãs americanos, planejam fazer mais coisas aqui, como distribuir lançamentos, vender seus itens, ou mesmo abrir um fã-clube internacional?

Miku: No momnento não temos um plano em especifico. Mas queremos sim. Agora que viemos e vimos, temos que começar a pensar seriamente nisso.

No fim de junho acontecerá sua primeira apresentaçao na Alemanha. Estão entusiasmados com esse show? Alguma expectativa ou preocupação a respeito dele?

Teruki: Tenho certeza que superaremos a barreira do idioma. Haverá outras bandas de VK tocando no festival, mas bastante diferentes de nós. Não somente em relaçao a música, mas também ao estilo e, nisso, queremos ser capazes de mostrar que somos únicos. No nosso show tem bastante coisa além da apresentação em si, como o MC, que usamos para apresentar aos fãs que tipo de personalidade temos, mas, nesse caso, vai ser difícil por causa do idioma. Só podemos, então, esperar que todos se divirtam com a música.

Por diversão e num tom um pouco mais impessoal, falem alguma coisa a respeito do colega de banda à sua esquerda.

Teruki: Miku é uma mistura de adulto e criança. Ele é puro quando escuta múusica, e ao mesmo tempo extremamente profissional pra fazer música. Sempre quis tocar numa banda VK, mas queria algo diferente. Miku foi capaz de nos diferenciar das outras bandas de VK na forma de escrever suas letras, de se apresentar no palco, e no seu visual. Miku é único e absoluto.(Todos riem.)
Miku: O Kanon é meio calado. (Todos riem.) Quando precisamos da ajuda dele, ele é 'o cara'. Uma pessoa absolutamente confiável. Por exemplo, uma vez toda a banda pegou uma gripe e o show nao estava indo muito bem. Ele pensa "Preciso fazer isso funcionar", e faz. Uma pessoa na qual confiamos.
Kanon: Teruki faz a figura perfeita de uma pessoa séria. Está sempre preocupado com um monte de coisa. Se ele sai do Antic Cafe, a banda acaba.

Muito obrigado pela entrevista. Agora, deixem uma mensagem para seus fãs.

Teruki: A música pode ser uma linguagem universal. Existem as barreiras dos idiomas, mas a música pode cruzar todas elas e chegar a qualquer lugar. Pude ver que o visual faz a mesma coisa; quando as pessoas olham pra gente também pode haver essa conexão. Queremos que o mundo saiba o que é 'ser An Cafe' no total, música e visual inclusos.
Miku: Antes de estar nos Estados Unidos eu nunca tinha pensado em fazer nada fora do Japão. Mas chegando aqui pude ver que realmente existem fãs aqui fora que esperam por nós. Isso me fez mudar completamente de idéia, até mesmo pra escrever minhas futuras letras. Até agora, escrevendo, eu não era tao mente aberta pra falar à outras pessoas, pra expressar sentimentos em comum com os outros. Agora, vou tentar fazer isso nao só com os fãs japoneses mas os do mundo todo. Driblando a barreira do idioma, tentarei dividir com todo mundo esse sentimento, seja com um gesto, qualquer coisa.
Kanon: Onde quer que voces estejam, An Cafe e seus Cafekko, somos todos uma família! (Risos.)

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O JaME agradece ao An Cafe pela entrevista e a Ken Isayama por faze-la possível.
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