Entrevista

Entrevista exclusiva com o J

15/08/2007 2007-08-15 12:00:00 JaME Autor: Ma'j & Non-non Tradução: Hazumi

Entrevista exclusiva com o J

o JaME teve a oportunidade de conversar recentemente com o famoso baixista no Japão.


© J
Foi dada recentemente ao JaME a chance de falar com o artista solo J no Japão sobre seu novo álbum chamado URGE, o legado de LUNA SEA e sobre religião.

Primeiro, poderia se apresentar aos leitores que ainda não te conheçam?
J: Sou J. Toco baixo e também faço a parte vocal. Já fui da banda LUNA SEA, mas a banda acabou e desde então tenho sido artista solo.

Este é o décimo ano das suas atividades como artista solo, não é?
J: Sim. Quando LUNA SEA ainda existia como banda, eu e os outros membros lançamos trabalhos solo em 1997 pela primeira vez, por um período limitado. Então, se contarmos essa época, foram 10 anos sim.

Seu novo álbum, URGE é muito bom. A primeira faixa é uma curta música instrumental. Por que você resolveu criar este tipo de faixa??
J: O título deste álbum foi a primeira coisa determinada quando comecei a fazê-lo. Como URGE significa impulso ou força, eu quis passar a sensação de agitação e inquietude antes das músicas começarem pra valer.

O início é bem suave e tranqüilo.
J: Quando nos deparamos com algo novo, sentimos esperança e ansiedade. Eu acho que isso está sendo refletido na música por causa de seus ganchos maiores e menores. Quando eu tinha tempo livre durante as gravações, trabalhava nisso com minha guitarra.

Você trabalhou nisso junto com masa, seu guitarrista suporte?
J: Eu tinha a idéia e enquanto a executava na guitarra, disse para masa “Por favor, tente tocar isso”. O resultado foi muito bom.

Você também fez REBEL tonight com masa. Como foi a experiência?
J: Quando eu ainda não estava totalmente engajado no trabalho deste álbum, masa compôs essa música para mim. Antes de entrar em gravação, quando ainda estava pensando nas músicas que colocaria no álbum, escutei REBEL tonight pela primeira vez. Ele é novo na banda, fator que me fez escutar sua música com outros ouvidos. O tipo de rock que eu venho criado foi combinado com o estilo do masa, resultando em um novo som. Eu acho que esta é uma canção que me abre novas portas.

Quais são suas intenções em Go Charge e Endlessly, goes on forever?
J: Eu quis passar energia nestas duas músicas, provocando aos ouvintes uma reação natural de seus corpos, ao invés de escutarem apenas com seus ouvidos. Originalmente, o rock dava energia as pessoas, as fazia dançar e se esquecerem de tudo, acho eu. Este conceito, esta energia remete a URGE, que é o título do álbum.

Enquanto grava, você pensa em como a música vai soar no palco?
J: Na verdade, não. Eu faço como ela vem a mim.

A introdução em in the rain é psicodélica e erótica. Como foi o processo de composição?
J: Como Scott e eu dizemos freqüentemente, esta música foi criada com um ritmo mais sexy já em mente. Eu, basicamente, adoro música psicodélica. Já gostava de músicas com uma seção rítmica que ecoava fluindo. Acho que a música dos anos 70 tem essa característica. Apesar de eu escutar músicas mais atuais também, quando escuto canções mais antigas eu as acho bem sensuais e fortes. Ainda hoje, eu amo The Doors e os escuto em casa. Também escuto um CD ao vivo da Janis Joplin. Meu primeiro amor na música é o rock; faz-me sentir como se eu estivesse acabado de nascer e tão cheio de energia como se tudo fosse possível. Realmente é algo que te dá liberdade. É por isso que eu faço música até hoje.

good night é uma música muito bonita. Nas letras você diz ‘a star is shining’[*uma estrela está brilhando]. Quem ou o que é essa estrela?
J: A estrela não se limita a apenas uma pessoa. Simplismente significa “a pessoa que tem maior importância a você”. Por exemplo, poderia ser alguém de sua família, um amigo ou até um amante. Quando você escutar as minhas palavras, espero que possa imaginar essa pessoa. Além daquelas que você acha que são importantes, poderiam também ser seus sonhos ou esperanças.

Por que Mirage #9 é “número nove”?
J: (risadas) Freqüentemente me perguntam sobre isso. Eu nunca revelei isso antes, mas te direi a verdade. Antes das músicas terem nomes, elas eram apenas números. (risadas) E essa era a de número nove! (mais risadas)

(risadas) Entendi. Já se passaram 10 anos após PYROMANIA que é sua base musical, a meu ver. O que mudou para você, desde então?
J: Eu passei a amar mais a música, desde então. Desde que me apaixonei pelo rock, eu fiz este álbum há 10 anos, mas até hoje eu ainda tenho muito carinho por ele. O fiz com meus músicos favoritos: Scott Garret, que já fez parte do grupo THE CULT, o guitarrista Billy Duffy, Slash dos GUNS N’ ROSES e o engenheiro Joe Barreci, que está trabalhando com a banda Tool em seu novo álbum. Gostei muito de trabalhar com todos eles, então este álbum é muito especial para mim.

Sobre suas letras, qual é o seu tema favorito?
J: Hmm… realmente não dá para dizer nenhum tema em particular, mas eu gosto de músicas que me deixam animado quando as crio.

Existe algo que você não pode dizer no Japão? Você já foi censurado?
J: Na verdade, não. De qualquer forma, quando eu quero realmente dizer algo, não me importo se pensam que minhas palavras são apropriadas ou não, porque são meus reais sentimentos. Quero dizer, uma coisa que eu realmente me importo é em não machucar os outros com minhas palavras, nem aos que me dirijo, ou aos que escrevo.

J, você realmente atinge seus fãs em seus shows. Sempre fico surpreso com a ligação próxima que você e seus fãs parecem ter durante teus shows.
J: Eu acho que não seria interessante se apenas os caras no palco como nós se empolgassem. Então, temos que fazer um show onde a audiência também possa se esquecer de tudo. Porém, é algo que só pode acontecer naturalmente, por isso eu toco esse tipo de música e faço esse tipo de show.

Já houve algum show que você teve dificuldades ou que não pode tocar bem?
J: Não tenho certeza… é difícil lembrar.

Não houve um show em Toyama, há uns anos atrás onde você perdeu sua voz, mas continuou mesmo assim?
J: Ah, sim. Foi assustador quando percebi que não podia cantar. Naquele momento do show, eu não sabia o que fazer, mas aí o público percebeu que eu havia perdido a voz e cantou junto para mim, o que foi realmente maravilhoso.

Durante seus shows, você sempre toca a música PYROMANIA. Você faria algum show sem tocar essa música?
J: Bem, tem vezes que eu não toco ela. Posso lembrar-me de talvez duas ou três. O público pareceu não notar naquelas vezes (risadas). Para mim, esta música é a minha obra-prima e de início, eu não sabia qual seria a reação se eu não a tocasse. Mas as vezes que não toquei PYROMANIA, foi porque simplesmente não consegui encaixá-la no set list.

Como você decide seu set list em seus shows? Você troca freqüentemente a ordem das músicas a cada show?
J: Eu imagino as músicas e as coloco em ordem. Algumas vezes eu troco a ordem, mas durante esta turnê, eu achei que o set list estava bom, então não mexi muito nele.

A banda LUNA SEA é muito famosa e exerce grande influência em outras bandas japonesas. O que você acha disso?
J: Eu sinto mais de uma coisa em relação a isso. Por um lado, estou muito feliz, porque as pessoas dizem que o que o LUNA SEA fez é ótimo e que nós os influenciamos e demos-lhe forças. Então fico feliz de saber que novas bandas surgem e que elas falam sobre nós. Por outro lado, às vezes fico triste por causa de bandas que pararam no tempo, fazendo exatamente a mesma música e usando o mesmo estilo e moda que o LUNA SEA já fez há mais de uma década. Talvez tenham sido influenciados em demasia por nós? LUNA SEA foi uma banda em que os membros procuraram pelo seu próprio mundo. Não é interessante quando chegam e simplesmente tentam duplicar isso. Se bandas mais novas ou músicos são influenciados pelo LUNA SEA, eu quero que isso esteja em suas almas, na forma que os faça buscar e conseguir criar algo novo. Acho que a maioria das pessoas entende isso.

Você é tão popular fora do Japão. Já pensou em deixar fãs estrangeiros ingressarem no seu fã clube?
J: Eu mesmo já procurei um jeito de colocar fãs estrangeiros em meu fã clube, quando ele foi criado. Até agora, pelo meu site, fico surpreso em receber tantos e-mails de fãs de várias partes do mundo. Da Europa, América; todos os lugares! Eu tenho pensado no que posso fazer pelos fãs que não são japoneses, mas é um sistema complicado, decorrente das diferenças de moedas, fuso-horarios, etc. De qualquer forma, já que eu recebo e-mails de toda parte do mundo, gostaria de criar um sistema onde todos possam fazer parte.
Empresário: É difícil dar aos fãs estrangeiros as mesmas regalias que damos aos fãs japoneses e lidar com isso da mesma forma. Não deveria haver diferenças, deveria ser igual com todos, mas é difícil configurar um sistema funcional baseado nisso.

Quando escutei o solo de bateria de Scott, achei maravilhoso. Você vai colocar um solo de Scott em seu álbum, futuramente?
J: Scott faz muitas coisas, como trabalhar em várias bandas, shows ao vivo com os músicos do BECK e outros shows ao vivo. Então, acho que seria interessante.

Scott cria seu solo sozinho?
J: Com certeza. Ele é realmente obcecado pela música. Possui bastante conhecimento em vários estilos, gêneros e sempre escuta música nova o quanto antes puder. Por isso, ele absorve uma variedade de sabores, trabalhados dentro de seu estilo, se transformando em algo novo, a meu ver. Mudando de assunto, uma boa quantitade de bandas japonesas tem ido a Europa ultimamente. O que você acha disso? Você acha que as bandas japonesas mudaram?

Não muito, mas a música japonesa é diferente da européia. A maioria das bandas populares são visual-kei. As roupas e estilos são bem diferentes do que temos no ocidente, então é como se tudo isso ainda fosse realmente recente. Conforme vão ganhando mais fãs, mais bandas vêm.
J: Acho maravilhoso que os garotos ocidentais se favoreçam à musica japonesa e que a ouçam.

Vou perguntar sobre religião. Você frequentemente usa imagens envolvendo a Virgem Maria e a Cruz. Por que?
J: Como você sabe, no Japão há muitos budistas. Eu não uso bastante a Virgem Maria por causa da minha religião, e sim porque sou interessado na cultura que a envolve. Eu acho que nós não podemos acreditar em nada se não usarmos tanto a mente quanto o coração. Por exemplo, para falar de coisas que não sejam Deus, posso acreditar em pessoas, meus amigos e até em mim mesmo. Neste conceito, pode-se presenciar o mais longo alcance dos sentimentos humanos. Não acho que seja necessário tudo isso para se acreditar em Deus... será que estou falando isso à serio demais? (risadas) Não me considero parte de nenhuma religião específica, mas acho que a crença em si é algo muito bom porque eu não era um cara muito legal e não acreditava em mais nada, além da música.

O que você pode nos dizer sobre seus projetos futuros?
J: Esta turnê vai terminar com shows como o de C.C Lemon Hall, nos dias 29 e 30 de maio. Após isso, BUCK-TICK realizará um grande evento (BUCK-TICK FEST2007 [ON PARADE], no dia 8 de setembro de 2007) e eu aparecerei lá. Estarei fazendo shows em agosto e um “SHOW ESPECIAL de Aniversário de 10 Anos” em outubro. Então, por favor, venha e desfrute dos shows!
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Para maiores informações sobre os próximos shows de J, por favor, verifique seu site oficial, ou aqui mesmo no JaME!

O JaME gostaria de agradecer à Avex Entertainment Inc;, a agência FOURTEEN Co. Ltd. E ao próprio J.
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