Live report da apresentação do Dir en grey na França, durante sua turnê européia '07 DOZING GREEN.
O Dir en grey foi a primeira banda japonesa a subir no palco do Zénith, uma das maiores casas de shows de Paris, com capacidade para 6000 pessoas; apesar do show um pouco pobre que eles realizaram dois anos antes, no Olympia, um lugar com apenas um terço do tamanho. Aparentemente, devido à falta de propaganda e à pouca receptividade dos fãs em relação ao seu último álbum, eles não atraíram mais pessoas do que antes - deixando a casa de shows com espaços vazios.
O tempo frio e a chuva não conseguiram mudar os planos dos fãs mais assíduos, que assentaram-se para acampar em frente ao Zénith na noite anterior ao show. Quando as portas se abriram, eles correram em direção ao palco, levando uma bandeira com o nome da banda atrás de si.
Paciência foi uma palavra-chave para a noite, quando a banda de abertura, os alemães da The Omega Trust, tocaram, às 19h30. Apesar de não serem a melhor banda de seu gênero, eles foram recebidos muito melhor que a banda Eths, que abriu para o Dir en grey em 2005. Ao contrário do que acontecera no show anterior, eles conseguiram animar a platéia. Será que o público teria amadurecido? Depois de um show que não foi longo demais, nem curto demais, a banda deixou o palco acompanhada pelos gritos da platéia.
Não demorou muito antes que o show principal começasse, e a banda tomou o palco com excitação e alegria quando as luzes se apagaram. Shinya entrou primeiro, seguido por Toshiya, Die e Kaoru. Infelizmente, uma descrição de suas aparências é impossível; estava muito escuro no palco para se reconhecer qualquer coisa.
O show começou com uma música mais antiga da banda: Deity, do segundo álbum major, MACABRE. Uma surpresa, já que a banda parece estar tentando esquecer da sua carreira pré-VULGAR. A transição da música antiga para a mais nova Merciless Cult do Withering to death. aconteceu suavemente.
As músicas encaixaram-se bem no show, já que o álbum THE MARROW OF A BONE foi coordenado com performances ao vivo. No entanto, à interminável sucessão de músicas faltou um pouco de carisma.
O maior problema foi a iluminação. Certamente, combina com o ambiente que tudo seja escuro, afinal, até o público é um pouco sombrio. Reflete o conceito do álbum. Mas pagar cerca de 40 euros [ou, para nós brasileiros: cerca de R$ 103] para ver sombras movendo-se no palco? Para várias pessoas, o conceito foi exagerado, já que somente Shinya e Kyo foram propriamente iluminados. Isso não somente causou frustração, mas também resultou em algumas piadas vindas da platéia.
Nossos amigos ainda não falavam uma palavra em inglês, nem depois de estarem fazendo turnês pelo mundo já há algum tempo. Apesar de Kyo ter arriscado gritar "Paris!" de vez em quando, foi necessário achar outra maneira de dar aos integrantes da banda uma pausa, ao invés do MC [costume de conversar com o público durante pausas entre as músicas]. Ao contrário do palco ficar escuro (ainda mais, se possível) e tocar música de fundo, a banda achou uma maneira melhor de passar esse tempo. Durante as curtas pausas, Kyo fez alguns exercícios de voz baseados em sons longos e contínuos. Definitivamente, isto captou a atenção do público, e deu aos outros integrantes a oportunidade de fazerem uma pausa para trocar seus instrumentos. Estes interlúdios foram bem recebidos pela platéia e, de algum modo, deram ao show mais estrutura.
Os pontos altos do show foram as ótimas performances de Obscure, THE FINAL e dead tree.
Quanto mais o show prosseguia, mais o público era cativado pelas músicas. Finalmente, houve uma distinção notável do show anterior da banda, e poderia-se dizer que o show no Zénith foi realmente melhor que o anterior no Olympia, em 2005. Depois de THE DEEPER VILENESS, o quinteto deixou o palco enquanto a platéia ainda gritava pedindo pelo bis.
Depois de uma pausa curta, a banda continuou com Drain Away, uma brisa fresca no meio do caos. Então, uma grande surpresa com a música Ugly, do mini-álbum Six Ugly, também um trabalho mais antigo da banda. Apesar de ainda não haver muita interação entre banda e platéia, finalmente pareceu haver alguma conexão.
Os dois maxi-singles CLEVER SLEAZOID e -saku- seguiram-se, o que fez o público pirar de novo. Kyo gritou outro "last song" [última música] para os fãs e assim o show encerrou-se com uma ótima interpretação de The IIID Empire.
Depois da música, a banda ficou um pouco mais no palco, para jogar garrafas d'água, baquetas e palhetas para a platéia. Kyo foi o primeiro a deixar o palco; os outros ficaram mais para curtir os gritos dos fãs.
Para finalizar, o show foi definitivamente melhor do que o de 2005, mas ainda assim, não chegou a ser extraordinário. A setlist foi o melhor ponto, compensando pela falta de comunicação e a iluminação ruim. Com sorte será melhor na próxima vez!
Setlist:
01 Deity
02 Merciless Cult
03 LIE BURIED WITH A VENGEANCE
04 DISABLED COMPLEXES
05 REPETITION OF HATRED
06 AGITATED SCREAMS OF MAGGOTS
07 THE FINAL
08 OBSCURE
09 HYDRA -666-
10 DOZING GREEN
11 CONCEIVED SORROW
12 dead tree
13 Ryoujoku no Ame
14 GRIEF
15 THE DEEPER VILENESS
Encore :
16 DRAIN AWAY
17 Ugly
18 CLEVER SLEAZOID
19 -saku-
20 THE IIID EMPIRE