Falar de Tokyo Jihen pra mim é complicado, tenho que controlar o fangirlism em vários momentos de excitação. Mas vou me esforçar para relatar a experiência adorável de seus álbuns, começando pelo mais recente, Gouraku (Variety), um álbum que, como o título sugere, é bem variado.
A primeira faixa, Ramp, começa com uma melodia bem metrada e ambientada, lenta e bem resolvida. A voz então entra seguindo esse ritmo. O trabalho de todos os integrantes, como irá se perceber por todo o álbum, parece funcionar completamente a parte, cada um inventando e produzindo sons a sua vontade, seguros, para então convergir sempre em uma única harmonia.
A segunda faixa, Mirror Ball, é uma releitura de uma música tocada anteriormente em shows. A versão original, porém, era mais animada digamos assim. Essa versão é mais abafada, tem um clima mais denso e, principalmente nas guitarras, tudo fica meio embolado. Apesar disto a faixa ainda é bastante bem ambientada e bonita, principalmente depois que se acostuma com ela.
Kingyo no Hako, terceira faixa, começa mais animada, mas mantém o mesmo clima confuso, com todos os instrumentos bem quebrados e trabalhando particularmente. Todos convergem para o refrão, mais claro e entendível. uma faixa também meio abafada, mas bem interessante, com destaque para a qualidade técnica de cada integrante particularmente.
Shiseikatsu é uma faixa bem mais convencional, uma melodia mais lenta, mais pop e que lembra as faixas da carreira solo da vocalista. Ainda assim uma faixa bonita, com um perfil bem distinto do apresentado até então.
OSCA é uma das faixas mais inusitadas do álbum. Com um ritmo bastante quebrado, tem uma ambientação bastante excêntrica. É realmente complicado descrever os elementos da música, Shiina Ringo as vezes rasga a voz dando uma de Diva, mas as vezes parece estar perdendo a sanidade, os solos são inusitados e repentinos, presentes a cada oportunidade, a música tem um ritmo quebrado mas constante que dá vontade de dançar, mas de dançar de um jeito estranho. E, quando chega no final, acelera mais, dando vontade de, como no clipe, girar.
Seguindo essa, vem Kronekodow, uma das faixas mais divertidas da carreira da banda. Uma música infelizmente muito curta, que começa com um ritmo dançante e bem marcado, bastante intensa e igualmente excêntrica. Quando se aproxima do que pode ser considerado como refrão, ela se quebra toda, cada músico começa a fazer ruídos com seus instrumentos e no final das contas tudo isso converge na melodia de volta. Mais pro final da música ela fica mais rápida e mais intensa, novamente dando vontade de dançar de um jeito estranho.
Totalmente do nada vem Fukushuu, uma música séria, com jeito de hard rock. Cantada em inglês, é uma música bem forte, sem partes excêntricas, com um refrão bem marcado e bonito. Comparada ao resto do álbum essa música fica até com cara de sem graça, mas é uma ótima música no estilo, bastante completa e bem produzida.
Na faixa oito, Botomin, o vocal é dividido entre os membros da banda. Uma faixa bem ambientada, mais lenta, com um clima que se aproxima de algo como Soul ou até mesmo indie, pelas linhas de teclado. O refrão então é bem bonito e meloso, variando entre a voz aguda e rasgada de Shiina, a voz aguda e melosa de Ukigumo e a voz grave de Izawa. No final a música vira uma releitura de Kabuki, do album Adult.
SSAW é uma música lentinha, bonitinha, ingenuazinha, com destaque para o teclado dando o clima meio infantil, meio submerso, meio fantástico. Uma faixa bem bonita, bem ambientada, mas não tão empolgante como outras faixas.
Tsukigime-hime é mais uma das músicas pop excêntricas do álbum. Começa bem marcada, com Shiina e Ukigumo guiando a melodia, e os outros passeando pelo fundo, anarquistas, entrando quando querem, mas mantendo o ritmo e o clima. O teclado, em várias vezes, lembra Light My Fire, do The Doors, o que não seria surpresa, visto as várias referencias usadas pela banda.
Sake to Geko é uma faixa bastante mais interessante que as anteriores. Bem marcada, com uma performance bem memorável de todos os músicos, tem partes mais pesadas e confusas, partes bem mais lentas e melódicas, momentos e mudanças bruscas, conseguindo se manter intensa até o final.
Killer Tune, uma das faixas mais adoráveis do álbum e também destaque da banda na mídia, é uma música bem alegre e animada, novamente muitíssimo bem performada. Bastante intensa, conta com um solo repentino no meio da música, que quebra um pouco com o clima alegre e retro, mas que não deixa de estar bem encaixado. A música vai ficando cada vez mais tensa e o trabalho de cada músico fica ainda mais destacável. A voz então larga a música antes do fim, e uma parte instrumental e dançante a finaliza.
A faixa final, Metro, é mais uma música lenta ambientada em um clima meio fantasioso. Mostra novamente o trabalho seguro da banda toda, com momentos bem marcados e mudanças súbitas e controladas.
Conclusão. Este álbum trás algumas das faixas mais bonitas de Tokyo Jihen, mas principalmente por causa da sua proposta em trazer estilos bastante distintos, não cria o clima de unidade conseguido nos seus outros dois CDs. Apesar disso entra também como um dos trabalhos mais expressivos do cenário alternativo japonês, pela técnica e segurança de todos os membros.