Entrevista

Entrevista com o 9GOATS BLACK OUT

11/05/2008 2008-05-11 12:00:00 JaME Autor: Sanaka e Non-non Tradução: R.

Entrevista com o 9GOATS BLACK OUT

O 9GOATS BLACK OUT chamou muita atenção no Japão e no exterior, e o JaME foi conversar com a banda para conhecê-los melhor.


© Reiko Arakawa
O 9GOATS BLACK OUT começou a poucos meses, mas desde o começo eles já se tornaram bem populares e impressionaram os fãs de visual kei. O seu primeiro mini-álbum, devils in bedside, se esgotou na pré-venda semanas antes do seu lançamento e recebeu muitos elogios da critica.

O JaME foi conhecer mais dessa interessante banda, conversamos com os três membros da banda num dia chuvoso de Março para uma entrevista completa, introspectiva e reveladora.

Por favor, vocês poderiam se apresentar?

ryo: Eu sou o vocalista do 9GOATS BLACK OUT, ryo.

utA: Claro. Sou o guitarrista utA.

hati:Eu sou o baixista hati. É um prazer em conhecê-los.

O nome da banda, 9GOATS BLACK OUT, é bem interessante. Como vocês chegaram a esse nome?

ryo: Antes de fazer a banda, eu sempre quis usar o nome 9GOATS BLACK OUT um dia. Quando os três membros se juntaram e começaram a criar as músicas e trabalhar juntos, nós precisávamos de um nome, então propus esse nome e eles concordaram.

Quando você pensou nesse nome?

ryo: Eu tenho dois nomes: um é o 9GOATS BLACK OUT, que uso para as minhas atividades musicais, e o outro é o 9GOATS BLACK ART que eu usava para o meu trabalho de design antes de conhecer os outros membros, quando eu não estava trabalhando na cena musical.

Por que você escolheu a palavra "GOATS" [bodes]? E o número "9"?

ryo: Porque elas tem vários significados, e como eu escrevo as letras, eu fico muito interessado nos significados por trás da combinação de palavras. As palavras em si são bem simples e não tem nenhum significado profundo. Para os japoneses, "9", "GOATS", "BLACK" e "OUT" são bem simples, mas parecem ter um sentido profundo quando elas se juntam. Então cada palavra pode ser interpretada isoladamente, e foi por isso que eu as escolhi. Para ser honesto, todas elas tem duplo sentido. O meu signo no zodíaco chinês é o bode. E eu escolhi minhas palavras preferidas entre várias palavas, por exemplo, "BLACK OUT" também significa "inconsciente". Por isso eu escolhi essa combinação e os membros também gostaram.

Vocês acharam que era um bom nome?

utA & hati: Sim. (risos)

A banda tem algum conceito específico?

hati: Nós simplesmente trabalhamos com o "o que os corações sentem" como nosso conceito. Mesmo quando os países são diferentes, a nossa mensagem é a mesma, eu acho.

Vocês querem dizer os dois, como "o seu som" e "as suas letras"? Vocês querem "conquistar o coração das pessoas"?

ryo: É a minha interpretação, mas eu vejo a nossa música como uma arte composta. Arte pode ser apenas a música, ou frases e a própria letra mas quando elas se misturam elas produzem um efeito maior do que o esperado. Para nós como uma banda é o nosso jeito natural para nos expressar.

hati e utA, tem muito pouca informação sobre vocês online. Vocês poderiam contar um pouco sobre como vocês se envolveram com ryo e como vocês decidiram começar uma banda juntos?

utA: Quando o GULLET, a banda do nosso vocalista, acabou, nós vivíamos na mesma região, Niigata.

Vocês são de Niigata? Eu achei que vocês faziam parte do Nagoya kei.

hati: Não, somos totalmente pessoas de Niigata. (risos)

Então vocês tocavam em Niigata?

hati: Nós já nos conhecíamos, e na época eu estava no Galruda. Nós tocamos juntos em um evento uma vez e eu só falei oi pra ele. Foi quando nós pedimos para o ryo desenhar a capa do álbum da nossa antiga banda que nós começamos a nos falar mais.

ryo: Verdade?

hati: Nós sabíamos que o ryo desenhava capas e trabalhos de arte, e nós achávamos o seu trabalho muito legal. Então nós pedimos pra ele desenhar a capa do nosso álbum, o que foi o início da nossa relação com ele. Na época nós não pensávamos em trabalhar com ele em uma banda. Depois que a nossa banda acabou, nós viemos para Tóquio falando "vamos formar uma banda em Tóquio."

Então vocês dois vieram para Tóquio primeiro?

utA: Sim. Nós dois viemos primeiro. Mas quando chegamos em Tóquio, nós não achávamos nenhum vocalista para trabalhar conosco. Então lembramos do ryo, e pensamos que suas letras e sua voz eram ideais para o que nós queríamos.

hati: Mas ele rejeitou no começou. (risos)

ryo: Eu disse, "Eu não toco em bandas." (risos)

hati: Ele tinha convicção que ele não entraria em uma banda. (risos)

ryo: Antes deles, eu recebi vários convites, e a maioria deles eram bem interessantes e eu fiquei agradecido, mas eu não queria estar numa banda a não ser que casasse com o que eu queria fazer. Então eu costumava dizer "Eu não quero formar uma banda." Mas, na época nós conversávamos sobre várias outras coisas também, e tive a oportunidade de ouvir o som deles e conversei com eles sobre música, e gradualmente eu senti que o futuro que esses caras queriam para eles podia ser muito importante pra mim também. Então eu comecei a pensar em criar algo juntos, mesmo não sabendo qual seria o resultado, então foi por isso que nós começamos a banda.

Vocês três já tinham tocado juntos antes?

ryo: Agora nós tocamos juntos, mas antes não.

Foi fácil ou foi difícil se acostumar com os outros no começo?

ryo: Só tivemos problemas. (gargalhadas)

hati: Sempre estávamos atrasados no estúdio. Não tinha um baterista na banda. Enquanto nós trabalhávamos bastante tempo criando as músicas antes de gravá-las, sempre demorava bastante pra gravar no estúdio. (risos)

ryo, já faz um tempo desde que você estava na cena musical, mas agora você voltou mais forte do que nunca. Como tem sido essa sua volta e como ter o hati e o utA afetou o seu estilo?

ryo: Não sei se fiquei mais forte ou não, mas a minha visão sobre o meu trabalho na música vem muito da vontade de criar músicas e mexer com o coração das pessoas, e isso não pode ser mostrado com números. Eu sei que o que eu crio tem o poder de mudar a vida das pessoas. A músicas me mudou; essa é a razão pela qual eu comecei a tocar, então eu fico feliz em retribuir, mesmo sabendo que é bem difícil.

ryo, você foi influenciado pelos outros dois membros?

ryo: Depois da banda começar, eles escutavam bastante às minhas opiniões. Primeiro, eu propus, "Eu quero fazer isso, então porque você não faz desse jeito?" e eles desafiavam 90% das minhas idéias. O resultado é a nossa música hoje. Eu não decidi trabalhar com eles por causa de suas habilidades ou técnica musical, mas por causa do jeito que eles fazem música. O jeito deles influencia demais o meu estilo musical. Nós temos gostos diferentes, então a visão deles sobre o que eu vou lançar é muito importante para o que fazemos agora.

Por acaso o ryo faz pedidos impossíveis?

hati: Não. Pelo contrário, nós aprendemos muitas coisas e várias vezes nós falamos "ah, isso é legal, vamos tentar" Agora as coisas estão indo muito bem, o nosso som pode ser expressado claramente.

ryo, o 9GOATS BLACK OUT é bem diferente do tipo de música que você fazia com as suas bandas anteriores. Como isso aconteceu e aconteceu alguma coisa em particular que influenciou essa mudança de estilo?

ryo: Eu tenho duas razões. Uma é que quando eu comparei a música que eu costumava escutar quando eu estava no GULLET com a música que me interessou durante esses anos de hiatus antes do 9GOATS BLACK OUT, os meus interesses musicais e as coisas que eu queria expressar mudaram muito. Eu me interessei por diferentes estilos musicais e queria que o público gostasse não apenas de música agressiva mas também da minha técnica e da minha voz. Essa mudança foi uma das razões; E o estilo do 9GOATS BLACK OUT agora, é bem diferente do GULLET e do Galruda. No GULLET, existiam cinco personalidades diferentes para cada um dos membros e nós criávamos música querendo achar os pontos em que todos concordavam, então o nosso estilo era uma mistura de coisas. Mas o estilo do 9GOATS BLACK OUT agora é como "Eu quero criar esse tipo de música e criar canções." Eu dirijo, eles brigam, e nós debatemos tudo e depois completamos. Então o processo de criação é totalmente diferente, acho que é por isso que a textura da música que chega no público é diferente.

devils in bedside se esgotou semanas antes do lançamento oficial. Vocês esperavam essa demanda tão grande, e como vocês reagiram quando todas as cópias se esgotaram?

Todos: Ficamos muito surpresos. (risos)

hati: Fiquei feliz por isso.

Vocês não esperavam isso?

hati: Não, não esperávamos. Nós não fizemos nenhuma propaganda, só no nosso site.

Eu acho que as pessoas estavam esperando por vocês.

ryo: Mesmo assim, eu não esperava isso. Eu não fiz nenhuma atividade promocional. Eu era convidado para jams uma vez por ano por diversão, então eu não estava envolvido na cena musical, exceto por isso. Como você sabe, as vendas de CD estão diminuindo ao redor do mundo. Pessoas podem conseguir as músicas pela internet, o que eu acho legal, mas eu ouvi que os compositores estão perdendo muito. Então nós, uma banda que não pertencia a nenhuma cena, de repente anunciou "Nós fizemos este CD" e começamos a distribuí-lo. Nós não tínhamos idéia de quantos CDs nós deveríamos prensar. Nós dissemos que seria bom vender umas 300 cópias. (risos) Então 1000 cópias deveriam ser o bastante, incluindo os CDs samples para dar a chance de pessoas diferentes escutarem. Então 500 pedidos chegaram no primeiro dia, e depois mais de 1000 nós próximos dez dias.

Impressionante. Especialmente na era da internet.

ryo: Sim, eu sou muito grato.

Vocês colocaram alguma música no seu website?

ryo: Nós colocamos o preview de três músicas no nosso site oficial.

hati: Me senti muito feliz quando eu vi a mensagem de um ouvinte, "Eu gostei quando eu escutei a música no seu site" na nota do formulário de pedidos.

Quais eram as três músicas?

hati: Foram a primeira música sink, a terceira música Yasou -nocturne- e a quarta música Den lille Havfrue.

Vocês fizeram alguma coisa especial para comemorar essa ocasião?

hati: Nós celebramos comendo comida tailandesa. (risos)

A sua música é bem melancólica e triste, qual é sua inspiração para as suas músicas?

hati: Tudo. Desde a minha vida, a música que eu escuto, o que eu estou sentindo naquele momento. O utA traz mais as músicas originais, mas eu não quis que elas fossem tristes ou sombrias.

utA, com as suas músicas, o quanto você as molda antes de mostrar para o resto da banda?

utA: As vezes, eu mostro a eles músicas com os sons de bateria e baixo, ou a guitarra e os ritmos, basicamente eu mostro o que eu sinto dentro de mim todos os dias.

Isso soa meio melancólico não é?

utA: Sim. Eu acho que eu sou assim.

Então você sempre tem inspiração para criar músicas?

utA: Não é como "Eu vou criar uma música" e a música vem. então eu faço quando ela vem a mim. As vezes é como "Eu não consigo fazer isso agora, então eu vou colocar essa parte e eu depois eu continuo"

(para ryo) Então você coloca as melodias e a letra. Você se inspira depois de ouvir a música?

ryo: Eles gravam demos temporárias, depois eu penso na melodia esquecendo o jeito normal de se fazer música, como, começar da intro e trabalhar a melodia A.Eu desconsidero isso, eu coloco um interlúdio ao invés da melodia B. Eu coloco a melodia quando tenho alguma idéia, quando sinto alguma coisa. Na maioria das vezes as músicas que eu completo se tornam naturalmente tristes. Eu não tento fazer com que elas sejam tristes, ou uso escalas menores, mas eu faço elas como "aqui eu quero usar esse tipo de coisa" ou "quero que continue desse jeito". Eu não sei porque, mas elas se tornam melodias tristes naturalmente. Sobre a minha inspiração, eu imagino uma cena. Por exemplo, essa música é "um oceano noturno" ou "floresta profunda". De algum jeito, eu sinto o clima da imagem das palavras e faço as melodias. Quando a música e a melodia se encaixam, as letras surgem naturalmente, como "eu quero continuar desse jeito." Na maioria das vezes eu não tento forçar de onde eu tiro as minhas inspirações;

Você vai guardando palavras?

ryo: Eu não faço anotações das letras, então não guardo nada.

Como você disse antes, o seu jeito de criar não é o jeito comum.

ryo: Na minha outra banda, nós costumávamos fazer os sons enquanto fazíamos jam sessions, tipo, no começo, o compositor original como o baixista ou o guitarrista tocavam a base ou a "primeira frase" da música. Então decidíamos o tempo e o ritmo, e quando completávamos o primeiro refrão, eu já tinha feito as melodias. Conforme eu ia cantando e arranjando elas, o primeiro refrão já estava quase feito. Então nós compúnhamos a música e decidíamos os detalhes do som e das letras. Então finalmente, nós terminávamos decidindo como a música deveria terminar. Nós costumávamos fazer músicas assim. Mas agora nós fazemos demos da música original, depois eu coloco as minhas músicas, depois trocamos o ritmo e as bases, e arranjamos tudo até que elas tenham uma forma. Então eu escrevo as letras, retiro as estórias e coloco um título. Finalmente a música é concluída, que é o jeito que nós fazemos.

Enquanto eu estava escutando o devils in bedside, parece que vocês tomaram um cuidado maior em criar uma atmosfera especial, como se cada música fosse um mundinho que te puxasse pra dentro. Vocês planejaram em fazer essa atmosfera intensa anteriormente - é algo que se encaixa no conceito de vocês, ou isso foi sendo feito gradativamente, enquanto vocês trabalhavam nas músicas?

hati: No começo, nós tivemos muita dificuldade porque ficamos pensando, "Aonde está o som do 9GOATS BLACK OUT?" Tínhamos uma noção mas era difícil de determinar o que era. O primeiro passo demorou bastante.

Qual música que vocês fizeram mais rapidamente neste álbum?

hati: Foi a Yasou -nocturne-.

Entendi. E qual música foi a mais difícil?

hati: Talvez a 690min? (risos) Eu e o utA matamos a 690min (risos), mas depois que colocamos a melodia e as letras, ela ficou mais com a cara do 9GOATS BLACK OUT.

Foi fácil determinar a ordem das músicas no álbum?

ryo: Eu troquei a sink e float no último segundo. Essas músicas são similares ao tema central desse trabalho. Eu fiquei pensando se o sol nascia com a float e se punha com a sink, ou o sol se punha com a sink e depois nascia com a float, até quando terminamos de mixar. Mas fora essa, os membros aceitaram como eu queria desenvolver a estória, então eu só fiquei confuso com a primeira e a última música.

Parece bem conectadas quando você coloca o álbum para repetir.

ryo: O som da introdução faz você sentir isso. (risos)

Todas as músicas no seu álbum são bem originais e criativas e vocês obviamente se esforçaram muito para criar as canções. Como vocês criaram o álbum?

ryo: Eu acho que não ter um baterista influenciou bastante. Nós ficamos pensando quando nós deveríamos anunciar o nosso trabalho, se devíamos esperar até achar um baterista pra tocar ao vivo. Nós pensamos que talvez nós não conseguíssemos achar um baterista por um bom tempo, então nós começamos a fazer o nosso álbum, desenvolvendo as nossas canções. Então nós fizemos o nosso ambiente de criação, através de um servidor na internet e ficamos trocando arquivos para criar a nossa música.

Vocês fizeram música assim?

ryo: No começo, nenhum de nós tinham condições para começar as gravações; Depois que decidimos fazer um álbum nós tivemos que arrumar o nosso equipamento e material, então nós compramos um Mac, importamos os protocolos, aprendemos a usar eles, usamos um servidor comum, trocamos as músicas e conseguimos criar um ambiente em que nós podíamos gravar as nossas músicas.

As suas letras são bem profundas, mas para aqueles que não entendem japonês, do que falam as letras de vocês?

ryo: As letras desse álbum são sobre o meu pai e o pai do utA; os dois estavam doentes. Meu pai teve câncer no esôfago e o pai dele teve câncer no pâncreas, e quando nós terminamos as nossas músicas, o meu pai tinha passado por uma grande operação e o pai dele tinha falecido. Essas letras são sobre eles. sink é sobre o meu pai e o título da 690min é o tempo da duração da operação do meu pai. Existem estórias individuais em cada música, então eu escrevi seis estórias, e as juntei como uma novelinha. Nem todas as partes se conectam perfeitamente ou diretamente. Mas, se me perguntarem, "Sobre o que você queria fazer este álbum?" Eu diria que eu fiz músicas sobre "como ele perdeu algum precioso, como ele se sentiu, o que ele pensou, sobre o que ele sentiu tristeza, e o que ele decidiu fazer daqui pra frente." Eu imaginei uma cena como "a Morte esperando pelo paciente terminal num quarto de hospital", então eu usei o título devils in bedside, imaginando demônios ao lado das camas das pessoas, e coloquei um detalhe de "tenha cuidado, eles sempre levam as pessoas que você ama!"

Então você colocou histórias reais.

ryo: Nas minhas letras, eu só escrevo sobre minhas experiências. Eu as faço mais obscuras dando uma enfeitada ou mudando elas para dar um sentido diferente, mas basicamente eu escrevo sobre as minhas histórias.

O tema é bem pesado; pessoas morrendo ou se despedindo de entes queridos.

ryo: Originalmente o meu tema era "os sentimentos humanos", antes de começar esta banda. Então para baladas ou músicas pop, a coisa mais importante pra mim era como a música e as letras eram expressadas, ao contrário das músicas por completo ou das vendas. Eu sei que compor uma estória é uma coisa, mas eu não escrevo sobre nada além do que acontece ao meu redor, mesmo que eu adicione uma coisinha aqui ou ali.

Você espera entreter os ouvintes com apenas a música, ou elas carregam algum tipo de mensagem que você quer transmitir?

ryo: Eu acho que as duas coisas, se você só gosta de escutar a nossa música ou ler o quanto nós desenvolvemos o tema no nosso trabalho. Nós fizemos o nosso trabalho de um jeito que valha a pena para as pessoas que gostam apenas do lado musicas e para aquelas que gostam de ler porque essa música foi feita.

Talvez seja diferente para cada um dos ouvintes como se despedir de um ente querido, como a família, amantes, e amigos. Eu acho que as pessoas escutam as músicas pensando nos seus próprios entes queridos.

ryo: No caso da quarta música, eu a escrevi como se fosse uma música de amor. Alguns ouvintes não tiveram essas experiências como membros da família ficando doentes, ou ter que se despedir de alguém querido por causa da morte. Mas todo mundo tem os seus próprios entes queridos, como namorados, irmãos, e amigos, então eu escrevi de um jeito que eles podem se identificar.

Você escolheu o dinamarquês para a quarta música no álbum Den lille Havfrue. Porque você escolheu o dinamarquês, e essa música tem a ver com a estátua de sereia na Dinamarca e o seu conto de fadas, ou tem algum outro significado?

ryo: É, tem muito a ver com aquilo. (risos) Na quarta música, eu imaginei cenas como um "oceano noturno" e um "céu estrelado", e tinha imagens tristes de "perdi a minha pessoa amada" e "é fato que eu nunca mais irei ver eles novamente." Quando eu escrevi as melodias e a letra, eu planejei os detalhes da letra, e me lembrei do conto de fadas da sereia e achei que "realmente parece como o fim da sereia." Eu não sabia do nome dinamarquês na época, mas eu achei que se eu colocasse o título em japonês de Ningyohime, as pessoas iriam imaginar algo mais limitado, então quando eu examinei como mostrar o tema do conto e do destino trágico da estória, eu encontrei o título original. Eu achei que casava muito bem, então a estátua da sereia tem muito a ver com ela, como você disse.

Você geralmente se interessa por países escandinavos ? Se sim, porque?

ryo: Eu não sei muito sobre os países escandinavos, mas eu realmente gosto da imagem da Europa setentrional que nós japoneses temos. Niigata é assim. (risos)

Niigata é como a Escandinávia no Japão? (risos)

ryo: Niigata fica no norte, e o mar é frio no inverno. (risos) Nos identificamos bastante com eles, eu acho. E eu ouvi que existia um povo godo (uma tribo de germânicos que viviam originalmente no sul da Suécia) na Escandinávia, que é a origem da palavra gótico. Eu estou interessado neles, porque o nome da nossa banda inclui a palavra "Goats" e nós pronunciamos como "Goth" em japonês, o que é interessante. Eu quero ir para Copenhagen para ver isso.

ryo, você não faz apenas música, mas você também é um designer. Você pode nos contar sobre o que você desenha e de onde você tira suas idéias, especialmente no caso da capa de devils in bedside? Quais são suas influências?

ryo: Quando eu escrevo as letras e as melodias, as imagens vêm a minha cabeça, então eu não consigo criar o design para a capa do álbum ou as imagens do encarte antes que eu consiga entender a música e as estórias que elas contam. Então as minhas idéias vem dos temas originais daquilo que eu estou desenhando. As vezes eu também sou influenciado por diversos campos das artes, como filmes e livros.

De onde veio a idéia para o design da capa do devils in bedside ?

ryo: Quando nós fizemos a demo, teve uma pessoa que postou uma foto no seu website. Como o site era de livre acesso, eu usei ela quando eu fiz um CD-R para os membros, e a reação deles foi positiva, então eu a usei. E esse é o nosso primeiro trabalho, então eu usei o bode do nome da nossa banda "9GOATS". Com relação a imagem de fundo e as imagens dentro do álbum, eu criei elas para completar o tema.

Você faz design de fotografias?

ryo: Sim, eu faço, mas além do design para este CD, eu também desenhei as ilustrações sozinho. Quando eu estava no GULLET, eu costumava desenhar as ilustrações sozinho e depois as editava usando um PC.

Então quando você faz trabalhos além do 9GOATS BLACK OUT, você escuta a música com atenção e desenha a partir das imagens?

ryo: Sim. Sobre o design das capas de CD, eu não posso criar bons designs antes de escutar as músicas e ouvir que tipo de trabalho eles querem fazer.

Por que vocês decidiram começar o seu próprio selo (dalli) ao invés de se juntar a um? Quais são os prós e os contras de ter a sua própria gravadora?

ryo: Eu acho que a nossa música não é "música que afeta diretamente o público". Eu penso sobre como estão o público e os ouvintes, e como as vendas afetam as nossas atividades de banda. Mas, eu acho que em uma situação em que mais pessoas escutam a nossa música, seria numa forma muito ampla e vazia ao contrário de realmente tentar entender o que nós fazemos. Eu teria medo de nos desgastar antes de consolidar a música do 9GOATS BLACK OUT. Nós seriamos consumidos antes que nós pudéssemos alcançar nosso objetivo. Então achamos que deveríamos trabalhar sozinhos, e criamos o nosso próprio selo. Mas tiveram algumas partes que não conseguimos fazer, então fomos até a Sra. Arakawa (zoisite) e pedimos a ela que nos ajudasse, eu disse, "Nós faremos o máximo possível, então por favor nos ajude com o que não pudermos fazer." (risos) Nós agradecemos muito a ela, e sem ela nós não teríamos uma oportunidade dessas.

Eu conheci o trabalho de vocês através da Sra. Arakawa e ouvi a música, e achei muito boa. Eu rapidamente contei ao pessoal do JaME sobre vocês, mas eles já conheciam quem vocês eram. Eles sabiam por causa da internet.

ryo: Verdade!? Muito obrigado. Essa é a outra razão de querer começar o nosso próprio selo. Eu acho que nós queremos continuar criando música que poder alcançar um público que realmente quer nos conhecer sem ter que passar pela mídia. Eu acho que o público tem uma boa noção do que eles gostam, e eu acredito nisso.

Vocês recentemente abriram uma conta no MySpace. Vocês acham que é mais fácil entrar em contato com os fãs através dele, e foi por essa razão que vocês criaram a conta?

ryo: Não somos muitos bons em ser legais com os fãs. (risos) Como nós não temos muito acesso a propaganda na imprensa, distribuição de flyers e aparições na mídia, nós entramos no MySpace porque era um jeito mais fácil de fazer o que nós queríamos. Depois que nós nos registramos, ele ficou largado por um bom tempo. (risos) Mas recentemente começou a dar muito certo.

O que você quer dizer com ficou largado?

hati: Eu me registrei, mas eu não sabia como usar direito. (risos)

Mas é incrível como o número de acessos vem aumentando a cada dia.

hati: Ah, muito obrigado. Nós ainda não mandamos nenhuma resposta ou algo do tipo, mas recebemos mensagens não apenas do Japão, mas também do exterior via MySpace, coisas como "Eu adoro escutar a sua música." Isso nos encoraja bastante. Eu acho que existem muitas letras que eles não conseguem entender, mas somos gratos que os ouvintes estrangeiros dizem "isso é bom" apenas escutando a nossa música.

Como você disse antes, vocês podem tocar o coração das pessoas e cruzar barreiras.

hati: Então quando ficamos desanimados nós ficamos muito felizes com essas coisas.

Não faz muito tempo desde que vocês começaram a banda, mas já existe muito interesse entre os fãs do exterior. Vocês tinham noção disso, e como vocês se sentem?

utA: Eu tenho consciência disse, e claro, fico muito feliz. Eu sei que temos que fazer shows no Japão antes, mas depois podemos ir para o exterior; queremos ir e mostrar a nossa música diretamente.

Fico pensando como vocês irão recriar o mundo musical do seu CD nos shows.

utA: Estamos trabalhando muito duro para poder criar algo que vai atender as expectativas das pessoas.

O show pode ser diferente do mundo do CD.

ryo: Eu acho que sim. Eu acho que os detalhes dos sentimentos no ar irão mudar um pouquinho, então não vamos negar que nós vamos tentar tocar algumas músicas de um jeitinho diferente.
hati: Também estou excitado, eu que as pessoas escutem mais à nossa música.

Vocês esperavam essa resposta do exterior?

hati: Não nesse nível. Eu acho que algumas das pessoas que conheciam o GULLET viram a nossa página e ouviram a nossa música. Nós recebemos pedidos do exterior também, e eu fiquei muito feliz de ver comentários como "Eu ouvi sua música na sua página e comprei o CD", como eu pensei, nós podemos fazer eles entenderem apenas ouvindo à nossa música.

ryo: Eu pensei um pouquinho sobre o exterior. Quando eu estava na minha última banda, tinham pessoas que vieram de Taiwan, então eu achei que seria mais fácil agradar aos asiáticos, porque eles vivem mais perto de nós, mas dessa vez também recebemos mensagens da Europa e América. Eu acho que agora é um momento excelente para o visual kei, mas eu espero que nós possamos criar algo que vai durar para sempre. Eu estou muito agradecido por essa situação e eu estou muito feliz.

Sua música não é o típico visual kei, não é?

ryo: Eu não me importo muito sobre que cena ou que gravadora nós pertencemos.

Eu acho que é melhor não determinar essas coisas. Uma vez que você está em uma gravadora, você tem prazos para entregar o seu trabalho, como uma mercadoria.

ryo: Geralmente os artistas querem se destacar dos outros. Eu também era assim. Algo tipo "os outros estão fazendo isso, então nós faremos outras coisas". As vezes nós nos sentimos presos, pensando demais em como ser originais, diferente dos outros. Agora eu acho que se nós fizermos o que queremos, nossa originalidade vai surgir, então não pensamos em coisas como "nós temos que fazer shows" ou "nós temos que lançar coisas nessa época." Nós queremos fazer música no nosso ritmo.

Em relação a sua imagem, vocês não parecem como visual kei, como a sua música não parece como típico visual kei.

ryo: Eu acho que sim. Com esse álbum, nós lançamos apenas o nosso som, sem nossos trajes, nossa maquiagem e nossa performance ao vivo. Nós não sabíamos que tipo de reação as pessoas teriam quando elas escutassem as nossas músicas, então nós as lançamos pensando em "nós faremos o que quisermos". Nós não prestamos atenção a isso.

Você pode nos contar sobre o futuro do 9GOATS BLACK OUT? O que os fãs podem esperar?

ryo: Se possível, queremos ter um baterista, e queremos fazer shows. Ainda não está decidido, mas espero alcançar ainda mais em 2008. Mas, nós ainda não fizemos planos como "faremos isso até essa época". Nós acabamos quando nós estivermos satisfeitos com o resultado. então não podemos prometer quando será isso. Mas nós queremos lançar o nosso novo trabalho ainda neste ano, se possível.

Por favor, deixem uma mensagem para os leitores do JaME.

utA: Nós continuaremos a trabalhar dentro do nosso conceito de "o que os corações sentem". Eu sei que existe a barreira da língua, mas nós quebraremos isso e faremos músicas que te farão sonhar e ficam com você. Então por favor, continuem a nos apoiar.

hati: Nós fizemos as nossas capas ligadas não apenas ao nosso som, mas a tudo, então eu quero que vocês sintam várias coisas do nosso som e do nosso material visual, como as capas dos álbuns e nós queremos continuar fazendo esse trabalho.

ryo: Nós estamos fazendo o 9GOATS BLACK OUT de um jeito diferente das outras bandas, ou das atividades da minha última banda. Nós estamos procurando o nosso jeito, então não podemos prometer aos leitores do JaME quando sairá o nosso novo trabalho, ou quando faremos um show. Mas, nós vamos trabalhar duro e vamos acreditar em nós mesmos, e fazer valer a pena esperar.
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