Entrevista

Entrevista e live report do DJ Khimaira em Atenas

29/06/2009 2009-06-29 15:18:00 JaME Autor: demi Tradução: Hikari

Entrevista e live report do DJ Khimaira em Atenas

Após um intenso set EBM/industrial, o DJ Khimaira se sentou com o JaME para discutir a cena noturna japonesa e européia, atuar como DJ, percepção musical e mais.


© Demi De - Râmen Events - DJ Khimaira
No dia 15 de maio o DJ Khimaira visitou Atenas, na Grécia, para se apresentar no Underworld. Enquanto Khimaira constrói, aos poucos, seu nome na cena industrial/EBM/gótica européia, a maior parte do público, visivelmente, não está familiarizada com o estilo. Platéia à parte, a noite foi solidamente planejada. Os DJs que abriram o evento eram mais conhecidos por seus sets de Jrock e anime, mas tocaram músicas industriais, estabelecendo com sucesso o passo para o resto da noite.

O DJ Khimaira apareceu cedo, usando seu tradicional traje vermelho e preto de vinil, maquiagem noturna e impressionantes dreads. Após checar minuciosamente o equipamento de som, ele passou algum tempo conhecendo os frequentadores do clube e assinando seus pôsteres e flyers.

Quando Khimaira foi para as pick-ups – em um balcão imponente, com vista para todo o clube –, uma introdução pulsante chacoalhou o chão, e o público percebeu que essa não seria mais uma noite de anime e visual kei no Underworld. Seu set teve a estrutura familiar do EBM/industrial – batidas fortes com a ocasional pausa melódica –, mas com algumas viradas bem colocadas. O próprio DJ se manteve constantemente ocupado por seu equipamento e pareceu extremamente profissional. Ainda assim, ele balançava a cabeça acompanhando o ritmo, mostrando sua fascinação com a música. As batidas intensas forçaram a maior parte do público peculiar a fazer tentativas relativamente bem sucedidas de movimentos de dança no estilo EBM. Enquanto a platéia não foi tão selvagem quanto a música, ela ainda atraiu o interesse de todos.

Uma música sólida foi tocada atrás da outra. Após a primeira hora de seu set, Khimaira tocou um remix de Fear of the dark. Esse foi o ponto alto da noite. Pela primeira vez, os frequentadores regulares da casa agitaram tanto quanto os fãs de música japonesa, misturando-se. A agitação ficou ainda maior com o remix seguinte, uma balada do Metallica transformada em electro dance que fez todos agitarem as cabeças. Essa faixa levou à seguinte. Muitos cantavam “born to live, born to die, born to be crucified” enquanto sorriam em aprovação. O set chegou ao fim um pouco mais tarde, com melodias bonitas e reverberantes, deixando o público querendo mais mesmo depois de duas horas.

No fim da noite, a atmosfera da casa foi dominada por sentimentos alegres. O público pode não ter sido o regular da cena dark techno ou EBM, mas cada um aproveitou a noite de seu jeito: as sweet lolitas saíram de lá com um interesse repentino em dança industrial estilizada e os frequentadores habituais com um novo interesse em artistas japoneses.


Após seu set, o DJ Khimaira tirou um tempo para falar conosco sobre sua empreitada européia, a cena gótica japonesa, sua percepção sobre música e mais.

Boa noite. Você poderia se apresentar para nossos leitores?

DJ Khimaira: Eu sou Khimaira, de Tóquio, Japão. Eu toquei em clubes japoneses por mais de cinco ou seis anos, mas me mudei recentemente para a Europa, por minha música ser mais apropriada para esse continente. Basicamente, eu quero ficar permanentemente na Europa. Minha música não é apenas EBM/industrial/gótica, mas também inclui a cena do hard style. Para aprofundar meus passos nessa cena, eu farei uma apresentação no dia 22 de maio no maior clube da Europa, o Technic Factory, na Bélgica.

Como você se interessou em se tornar um DJ?

DJ Khimaira: Muito antes de eu me interessar pela cena EBM/gótica, eu já era atraído pela cena noturna. Eu gostava de estilos como trip hop, techno e abstract, ou os DJs originais da época. Por acaso eu encontrei uma casa noturna japonesa, a New Church, onde fui apresentado para o líder do Eve of Destiny, Haruhiko Ash. Esse foi também meu primeiro encontro com esse estilo. A primeira vez que eu toquei como DJ foi como convidado no Tokyo Dark Festival, em 2002.

E qual é, exatamente, a sua relação atual com o Tokyo Dark Castle e com o Tokyo Decadance?

DJ Khimaira: Isso é algo que acontece frequentemente; as pessoas acham que eu sou um membro do Tokyo Decadance. Porém, a verdade é que eu nunca me apresentei com o Tokyo Decadance. É claro que tive ofertas no passado, e é claro que conheço SiSeN e Adrian, mas eu nunca me apresentei com eles – ainda. Porém, se em alguma ocasião no futuro as condições ajudarem, talvez eu toque com eles.

Já que você tem se apresentado há anos no Japão e na Europa, você deve ter percebido algumas diferenças entre os públicos. Você pode nos dizer qual a mais proeminente?

DJ Khimaira: Você quer dizer em toda a cena noturna, ou na cena EBM e industrial?

EBM e industrial, em particular.

DJ Khimaira: Na verdade, essa diferença foi a principal razão de eu sair do Japão e me mudar para a Europa: ainda que certamente haja uma cena dark no Japão que se auto-intitula gótica, na minha sincera opinião eles não são nada disso. O que eles são é um híbrido de J-goth, com elementos de visual kei e J-ROCK, ou cyber-kids como SiSeN, do Tokyo Decadance. Ainda que eles tenham seu próprio estilo e charme, para mim a cena japonesa não é exatamente o que eu queria, então eu decidi desenvolver minhas atividades na Europa.

Você toca principalmente gêneros musicais ocidentais, então eu imagino que suas influências musicais se concentram na Europa. Mas, com relação a DJs, há algum que você admira?

DJ Khimaira: Se eu parar para pensar nisso, a maioria dos que eu admiro pertencem a outros gêneros. É claro que há DJs como Tiesto. Há Paul Van Dyk na Alemanha. Eu adoro alguns DJs que tocam house music também. Trance... há Carl Cox. Não há muitos DJs no EBM que eu admiro. Geralmente são gêneros como retro, progressive, trance, techno… esse tipo de DJs.

Com relação a ser um DJ, o que você prefere, laptops ou vinis?

DJ Khimaira: Eu comecei minha carreira de DJ com um vinil. Eu mixei um pouco de trip hop, como o Massive Attack. Seis meses depois, eu mudei meu estilo. Eu não tenho certeza – provavelmente, no futuro, eu também vou tocar com um laptop, digitalmente. Laptops estão se tornando cada vez mais proeminentes.

Você prepara sua playlist ou faz as mixagens na hora?

DJ Khimaira: Como qualquer outro DJ, eu acho, eu tenho alguns remixes prontos. Mas a seleção de músicas é toda feita na hora.

Você costuma postar versos e letras em seu MySpace. Você tem algum plano, como publicá-los como poemas ou músicas?

DJ Khimaira: Eu não posso dizer nada com certeza. Porém, o que eu posso dizer é que, em um futuro próximo, quero começar meu próprio grupo EBM. Eu vou cuidar dos vocais, e isso refletirá o estilo EBM comum.

Qual é o papel da percepção psíquica na sua vida?

DJ Khimaira: Definitivamente é um grande papel. Toda a criatividade vem de nosso subconsciente, ainda mais quando se trata de música. Por exemplo, belas artes. Nós podemos perceber uma pintura visualmente, e isso nos ajuda a compreendê-la até certo ponto. A música, por sua vez, não pode ser vista ou tocada, então nós só podemos experimentá-la com nossos ouvidos. Então, eu acho que a música é, definitivamente, relacionada a funções superiores. Quando eu componho minhas músicas, posso sentir a inspiração vindo de outros lugares.

Além de ser um DJ, por que outros tipos de apresentações você se interessa?

DJ Khimaira: Eu costumava tocar em uma banda de death/black metal. Eu compunha músicas com uma guitarra e vocais modificados. Meu avô materno é professor de música em uma universidade. Desde criança, eu fui forçado a aprender a tocar piano, e também comecei a tocar violão aos onze ou doze anos. Mesmo como DJ, eu considero a mixagem similar a tocar um instrumento. Em todo caso, é bem relacionado a tocar um instrumento. Em um futuro próximo eu vou tocar guitarra e cuidar dos vocais sozinho. Então, de qualquer forma, todas as minhas apresentações têm a ver com música.

Seu estilo é diferente e chama a atenção. É uma criação própria, e quão importante é?

DJ Khimaira: Eu comecei a frequentar eventos de EBM/industrial no Japão no início de 2002. Desde então, meu estilo é bastante semelhante ao atual. Eu não tenho a intenção de impressionar as pessoas, ou fazê-las prestar mais atenção em mim. Eu simplesmente gosto muito desse estilo – é minha expressão espontânea.

Planos futuros: você pode nos dar uma dica sobre eles?

DJ Khimaira: Na Europa, eu tenho duas agências. Na Bélgica eu faço parte da Râmen Events, e minha agência alemã é a Diva Music, localizada em Colônia. Portanto, no futuro eu provavelmente terei mais oportunidades para me apresentar na Bélgica, Holanda e Luxemburgo e na Alemanha.

Você poderia deixar uma mensagem para os leitores do JaME?

DJ Khimaira: Minha mente é muito aberta a várias coisas. Algumas pessoas da cena gótica/EBM não são abertas para a cena J-ROCK visual kei, mas isso não acontece comigo. Então, por favor, não hesitem em aparecerem em minhas apresentações. Desde que vocês estejam dispostos a falar comigo e explorar minha música, todo tipo de estilo é bem vindo. Por favor, verifiquem minha agenda e apareçam.

É claro que os leitores do JaME são fãs de uma grande variedade de estilos musicais japoneses; eles não se restringem apenas ao visual kei.

DJ Khimaira: Ah, ok, então eu estarei esperando por vocês. Além disso, eu tenho planos de criar minhas próprias músicas. Logo eu lançarei meu novo website, então, por favor, visitem-no. Obrigado.

Nós esperaremos ansiosos por isso. Obrigado.


O JaME gostaria de agradecer a Aurélie Vandecasteele, do Râmen Events, Nozomi Ongaku e, é claro, ao DJ Khimaira por possibilitarem essa entrevista.
ANúNCIO

Galeria

ANúNCIO