Entrevista

Toru Furuya no Desucon

03/08/2009 2009-08-03 02:01:00 JaME Autor: Anu & Katrin Tradução: Hikari

Toru Furuya no Desucon

O dublador e artista solo Toru Furuya visitou o Desucon, na Finlândia, onde o JaME pôde trocar algumas palavras e fazer um report sobre sua apresentação musical no evento.


© Toru Furuya
O mais novo evento finlandês para a cultura pop japonesa, o Desucon, foi organizado nesse ano pela primeira vez. A convenção foi promovida como sendo um evento um pouco diferente, com seus pontos fortes sendo uma grande variedade de eventos e vários convidados de honra, despertando interesse até mesmo fora do país. A primeira visita do dublador (seiyuu) Toru Furuya à Europa interessou muitos dos fãs de anime mais velhos, já que o veterano, com décadas de experiência, interpretou papéis conhecidos, como Amuro Ray em “Móbile Suit Gundam” e Tuxedo Mask em “Sailor Moon”. Além disso, seus talentos também alcançam o mundo da música, com a estréia solo de Furuya tendo acontecido na primavera de 2008.

As aparições de Furuya no Desucon incluíram uma sessão de autógrafos e um debate de 90 minutos, no qual ele teve a oportunidade de falar sobre sua carreira com suas próprias palavras. Este foi conduzido no formato de entrevista, discutindo inclusiva as partes musicais de sua carreira. Por exemplo, quando questionado sobre os sonhos rock de sua infância, Furuya mencionou ser canhoto e segurar a guitarra como Jimi Hendrix. Ele falou sobre sua escolha de carreira, feita entre música e dublagem, dizendo que, no Japão, as pessoas não ganham muito dinheiro com rock – apesar de admitir que a situação era a mesma para dubladores. Ele voltou ao assunto mais tarde, em uma questão feita por um fã sobre qual foi sua pior experiência. Furuya respondeu que o pior lado do mercado é que com o salário de dublador não se pode comprar casas, como fazem estrelas do cinema.

É claro que Furuya conta com o apoio de uma grande e leal base de fãs, e foi bom vê-lo devolver reações tão calorosas a eles. O JaME aproveitou essa oportunidade para falar com Furuya sobre sua carreira musical.


Como está sendo sua visita à Finlândia?

Furuya: Eu ouvi dizer que era verão aqui, mas o tempo está bem frio. (risos) Há muito verde no centro de Helsinki, o que é maravilhoso.

Quais são as suas expectativas com relação a esse evento?

Furuya: Eu quero descobrir quantas pessoas me conhecem na Finlândia e o que elas acham de mim. Mas, ao mesmo tempo, estou nervoso pensando em como vou ser recebido.

Você escolheu ser dublador quando era jovem. Naquela época, você também queria ter uma carreira como cantor?

Furuya: No colegial, meus colegas de classe e eu tínhamos uma banda de rock, e eu cantava e tocava guitarra. Naquela época eu realmente acreditava que poderia ser um astro do rock.
Eu comecei a atuar em séries de televisão aos cinco anos, e, aos dez anos, comecei a dublar séries e filmes americanos. Eu consegui meu primeiro papel principal em um anime quando tinha 15 anos, em uma série chamada “Kyojin no hoshi”, que se tornou um grande sucesso no Japão. Eu continuei com dublagens até os 18 anos, quando fiz uma pausa para o vestibular. Depois de me formar, eu pensei muito sobre o que gostaria de fazer para sobreviver no futuro, e, por “Kyojin no hoshin” ter sido um grande sucesso, eu acabei escolhendo a carreira de dublador.
Conforme os anos foram se passando, os dubladores foram ficando cada vez mais populares, e foi então que eu formei a banda Slapstick com alguns colegas. A banda lançou 12 álbuns. Depois disso, eu tive um longo intervalo de 15 anos sem lançar álbuns, até o ano passado, quando comecei minha carreira solo pela avex trax. Eu tenho interesse em continuar a cantar, se tiver a oportunidade.

O Slapstick existiu nos anos ’80 e você era o baterista, certo? Como essa banda começou?

Furuya: Os membros eram bons amigos meus. Nós costumávamos nos encontrar em um bar, onde podíamos cantar e tocar guitarra apenas por diversão. Porém, depois de um tempo, o bar acabou fechando (risos), e nós não tínhamos um lugar para cantar juntos. Foi então que decidimos formar nossa própria banda, e eu fiquei na bateria porque ninguém mais quis.

O Slapstick lançou 12 álbuns rapidamente. Como você se lembra dessa época? Foi difícil trabalhar nesse ritmo?

Furuya: Sim, foi uma época difícil para mim. Nós lançamos dois álbuns por ano, além de fazer shows nas três maiores cidades japonesas: Nagoya, Tóquio e Osaka.

Antes de sua carreira solo atual, você cantou várias músicas em trilhas sonoras de anime. O que te fez cantar em nome dos seus personagens?

Furuya: O anime “Patarilo!” tinha todos os membros do Slapstick em papéis secundários, e também teve um single, no qual eu cantei junto com a dubladora da personagem feminina principal. Eu também cantei uma música para a versão anime de “Huckleberry Finn”, ainda que não tenha atuado neste, e uma música do dorama “Iva obaachan”. A idéia da participação em trilhas sonoras veio do produtor do Slapstick. Eu também cantei a música tema do personagem de “Dragon Quest” que dublei, e as image songs de “Kimagure Orange Road” e “Sailor Moon”.

Que tipo de projeto foi a criação do álbum solo HEROES ~to my treasure~? Levou muito tempo para reunir as músicas?

Furuya: O album tem sete faixas, que são tributos a seis de meus personagens – Amuro Ray, de “Gundam”, tem duas músicas dedicadas a ele. Essa é a minha forma de homenagear meus personagens, e o processo de escolhê-las foi bem rápido.

Seu álbum também inclui algumas músicas com uma atmosfera mais obscura, como Reckless throw e Okami. Sobre o que elas falam?

Furuya: Reckless throw é baseada no personagem principal de “Kyojin no hoshi”, um menino chamado Hyuma Hoshi. A história fala de um menino que cresceu e se tornou um jogador de baseball profissional. Hyuma, porém, é pequeno, e, portanto, não consegue fazer jogadas iniciais rápidas, e então, para sobreviver ao jogo, ele cria diferentes técnicas de jogada. A primeira inclui um toque do bastão, e a segunda inclui a bola desaparecendo no ar. A terceira é uma jogada na qual a bola muda de curso no ar e desvia do taco. (com as mãos, Furuya demonstra uma bola se desviando de um obstáculo) Mas ele tem vários adversários, que conseguem até mesmo superar essas jogadas. Se tornar um jogador de baseball profissional é muito importante para Hyuma, e ele trabalha muito para alcançar essa meta. É sobre isso que fala a história, e Reckless throw mostra respeito por esse desenvolvimento.
Okami, por outro lado, é dedicada a Yamcha, de “Dragon Ball”. No início, Yamcha era um bandido de estrada, chamado de Desert Wolf, o lobo solitário, até encontrar Goku, e, juntos, começarem a lutar contra os aliens. A música foi escrita pensando especificamente nessa era, quando Yamcha ainda era solitário.

A faixa bônus do álbum foi composta por Gackt. Você pode nos dizer algo sobre essa colaboração?

Furuya: Lalah no Yasoukyoku -nocturne- é dedicada a Amuro Ray, de “Gundam”. As letras foram escritas pelo diretor da série, Tomino Yoshiyuki, e a composição foi criada por Gackt, que é um grande fã de “Gundam”. Eu fui o primeiro a ter uma música oferecida por Gackt, e, como fã da série, ele ficou muito feliz em trabalhar nisso, apesar de, normalmente, não ser algo que ele costume fazer. Mas, depois da música estar terminada, eu notei que é bem difícil cantá-la. (risos)

Você já teve a oportunidade de apresentar sua música ao vivo?

Furuya: Sim, já tive. No Japão há muitos eventos de anime, onde eu posso apresentar minhas músicas. A primeira vez em que eu pude cantar músicas do HEROES ~to my treasure~ foi no Anime Fair, em Makuhari Messe.

Uma pergunta mais relaxada agora: que tipo de música você escuta no seu tempo livre?

Furuya: (pensa) De tudo, na verdade. (pensa por um longo tempo) Ultimamente eu tenho escutado a música tema da nova série “Gundam 00”, tocada pelo THE BACK HORN. Minha esposa, por outro lado, é fã de doramas coreanos, então eu também tenho que escutar as músicas deles. (todos riem)

Você tem planos futuros com relação a sua carreira musical?

Furuya: Sim, eu canto a música tema do jogo “Tokusatsu Kamen Rider”, Climax Heroes. Ela será lançada no verão.

Que mensagem você gostaria de deixar para nossos leitores?

Furuya: Por favor, continuem assistindo animes e apoiando dubladores e animes também no futuro. Se a popularidade dos animes continuar crescendo na Europa, pessoas como eu terão chances de participar de eventos. Obrigado.


A nova música gravada recentemente mencionada na entrevista teve sua surpreendente estréia mundial no Desucon, na Finlândia. Após esse evento, Furuya mostrou ao público o trailer do jogo para Playstation 2 “Kamen Rider: Climax Heroes”, que contou com sua música no fundo. A faixa pop no vídeo é claramente mais pesada do que as músicas de seu álbum solo, combinando bem com um jogo de lutas em estilo japonês com heróis.

O trailer, mostrando uma variedade de “Kamen Riders”, não foi o fim das ofertas musicais do dia, já que Furuya fez um mini show com duas músicas. O palco havia sido usado para o debate minutos antes, e, assim, não se transformou magicamente em um palco rock glamouroso, mas a iluminação mudou para luzes piscantes de várias cores. Furuya recebeu um microfone no meio do palco, onde apresentou as músicas Only one shining star e Lalah no Yasoukyoku -nocturne-, ambas de HEROES ~to um treasure~. A atmosfera relaxada, com o cantor usando um casaco casual listrado e jeans com uma corrente para chaves, refletiu o mesmo espírito do rock simples de seu álbum solo, e cativou a platéia.

A batida de Only one shining star encheu o salão principal do Sibelius Hall, animando o evento, enquanto Lalah no Yasoukyoku -nocturne-, composta por Gackt, é claramente mais controlada. Para essa música, ,b>Furuya tirou o casaco, revelando uma camiseta com estampa jovem. A forma como ele expressou sentimentos, fazendo movimentos dramáticos junto com a música, foi impressionante, e ele permaneceu assim durante toda a apresentação. O pequeno show terminou com aplausos contínuos, e, considerando a devoção do artista e a reação da platéia, foi uma pena que o show tenha sido construído apenas como uma atividade extra para o debate, sem uma menção na agenda da convenção. O carisma de Furuya não se limita a estúdios de anime e à expressão de linhas familiares, e nós esperamos que, algum dia, tenhamos outra chance de aproveitar sua música.


O JaME gostaria de agradecer a Toru Furuya, seu empresário, Katsuaki Ikeda, e ao Desucon por possibilitarem essa entrevista.
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