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Entrevista com o Abort Mastication

08/11/2009 2009-11-08 00:01:00 JaME Autor: Shadow-X Tradução: Hikari

Entrevista com o Abort Mastication

O JaME conversou com o baterista do Abort Mastication.


© Abort Mastication
Algum tempo antes do lançamento do primeiro álbum da banda, seu baterista, Kyosuke, aceitou fazer uma pequena entrevista por e-mail. Ele falou sobre o álbum da banda, a situação da cena metal/grindcore no Japão e o significado do nome abort Mastication.

Olá! Obrigado por aceitar fazer essa entrevista. É uma honra para nós.

Kyosuke: Olá, eu sou Kyosuke, o baterista. Sou eu quem está muito feliz com essa entrevista.

Você pode apresentar a banda e os membros aos nossos leitores?

Kyosuke: É claro. Nós somos o Abort Mastication uma banda death/grind. Eu sou Kyosuke, o baterista; os outros membros são o vocalista Kazuko, o guitarrista Tatsurou e o baixista Takanori. Nós formamos uma banda única e pessoal.

Qual é o significado do nome da banda, Abort Mastication?

Kyosuke: Como a palavra “abortion” (aborto) pode revelar, o nome da banda sugere algo como alguém vindo ao mundo após ser destruído por instrumentos cirúrgicos. Se o feto aparece de forma não natural, será descartado como lixo comum. Nosso nome simboliza essa terrível realidade.

Nos fale mais sobre seu primeiro projeto solo.

Kyosuke: Na verdade, não dá pra dizer que foi um projeto solo. Naquela época eu estava em uma banda similar ao hardcore caótico, e ao mesmo tempo estava procurando por pessoas que quisessem formar uma banda de death metal. Quando eu não encontrei ninguém, fiquei em um dilema. Então, pensei que poderia começar uma banda sozinho e passei a compor para o que seria o início do Abort Mastication.

Quando foi sua primeira experiência grindcore?

Kyosuke: Como cada membro da banda tem sua própria individualidade, cada um também tem sua própria história. Mas, pelo que eu me lembro, minhas primeiras experiências grindcore foram ouvindo Napalm Death e Brutal Truth, ou as primeiras bandas da Relapse Records.

Como vocês decidiram criar um tipo de música tão “direto”?

Kyosuke: É difícil dizer, mas eu formei essa banda porque queria fazer isso. Então, em lugar de questionar se eu conseguiria fazer isso ou não, a questão era saber se eu iria fazer isso ou não.

Quando você compõe, de onde vem sua inspiração?

Kyosuke: Na verdade, quando eu estou animado ou passando por coisas muito desagradáveis, eu consigo inspiração para uma frase ou um riff.

Você participou do Ludwigshafen Death Fest 2007, na Alemanha. Você pode nos falar mais sobre isso? Como foi participar?

Kyosuke: A patrocinadora do Ludwigshafen Death Fest 2007 foi a Revenge Production, mas havia uma pessoa do Japão na equipe com quem eu mantive contato por um bom tempo. Em 2006, essa pessoa me viu em um show no Japão e nós conversamos. Depois de um tempo ele me perguntou se eu gostaria de ir ao festival. Eu fui muito encorajado pelo time da Revenge Pro e nós passamos um tempo muito bom juntos. É claro que eu fiquei muito impressionado com os shows de todas as bandas presentes. Eu tenho um respeito muito grande especialmente pelo Abysmal Torment, que eu conheço há muito tempo, e pelo Human Rejection, com quem eu tive uma conversa agradável em um hotel.

Vocês vão participar de outros festivais na Europa?

Kyosuke: Eu acho que, para uma banda japonesa, as chances de ser convidado a tocar em um show ou festival são pequenas. É por isso que eu acho que minha experiência no Ludwigshafen Death Fest foi muito importante. Então, se eu tiver outra oportunidade, eu irei para a Europa novamente.

Você participou do Tokyo Deathfest 2008. Você pode nos falar mais sobre esse assunto? Participar desse festival foi especial para você?

Kyosuke: A oportunidade que eu tive de participar do Tokyo Deathfest é parecida com o que eu disse antes. Os patrocinadores eram um grupo de gravadoras japonesas de death e grind, como a Amputated Vein Rec e a Macabre Mementos, que nos ajudaram a começar a trabalhar nas nossas demos. Nós fomos contatados por eles, e eles nos ofereceram a possibilidade de tocar na edição de 2008 do festival. Como o Tokyo Deathfest consiste de bandas death internacionais muito importantes e populares entre os fãs e de bandas japonesas pequenas, participar foi significou muito para nós. Além disso, o público que assiste ao evento não é só japonês, mas também há americanos e europeus, e eu acho que esse festival é muito importante.

Nos fale sobre seu primeiro álbum.

Kyosuke: Nosso primeiro álbum será lançado no Japão pela gravadora Bloodbath Record no dia 16 de agosto. Ele se chama Orgs, um nome que possui diversos significados interligados de forma complexa, difícil de explicar em poucas palavras. Ele se liga com a música, e os conceitos são inúmeros. Eu não gosto de me aprofundar muito no assunto, mas não me restrinjo à expressão comum da brutalidade individual; isso permite que a alma apareça, suas emoções, às vezes mais abstratas e outras mais reais. Como essa explicação pode ficar muito longa, eu vou parar por aqui (desculpem).

Vocês regravaram a música Scid, da banda mexicana Disgorge. O que essa música representa para vocês?

Kyosuke: Eu só tive a intenção de mostrar o mais puro respeito fazendo uma regravação do Disgorge. Nós gostamos muito desses artistas e eles nos influenciaram consideravelmente.

Vocês gravaram um album com a popular banda japonesa Patisserie. Como vocês se conheceram? Quem teve a ideia do trabalho conjunto?

Kyosuke: Faz muito tempo que eu tenho uma relação amigável com o Patisserie, e nós já tínhamos tocado juntos. Eu soube que o Patisserie já tinha feito trabalhos conjuntos com bandas como Disco Al Pacino e Zillion, então eu sugeri que eles deviam fazer o mesmo conosco. Eles aceitaram nossa sugestão e nós gravamos juntos. Sobre um álbum conjunto, eu acho que as direções a seguir no grande universo que é o metal underground são inúmeras, e dessa vez eu queria lançar um simples mini-álbum. Porém, nessa discussão com o Patisserie nós finalmente tivemos a ideia de fazer um álbum conjunto. Eu acho que é uma boa maneira de conseguir mais fãs agradando ao público das duas bandas.

Qual é a situação do metal/grindcore no Japão?

Kyosuke: Eu acho que há artistas muito bons no Japão. Nossas atividades se situam principalmente em Tóquio, mas eu sei que há muitas bandas boas por todo o país. Na verdade, ainda há muitas bandas pequenas, mas eu acho que a cena vai se desenvolver logo. Essas bandas têm pouca expressão em termos de impacto mundial, mas eu acho que elas têm algo tipicamente japonês, uma originalidade que eles devem desenvolver mundialmente.

Há muitas bandas talentosas no Japão, mas apenas a minoria se tornou popular no ocidente. Qual você acha que é a razão para isso?

Kyosuke: Como eu disse antes, as bandas japonesas não exportam seu trabalho completamente para outros países. Eu tenho a impressão que é difícil para esses músicos superarem o estado atual das coisas, que eles precisam trabalhar para suprir as necessidades da família, e fazem shows no final de semana. O Japão é uma ilha, então não se consegue fazer muito sem pegar um avião. A internet resolve o problema da divulgação para outros países, o que de outra forma custaria tempo e dinheiro. Então, eu acho que é mais fácil manter uma certa distância do ocidente do que ir até lá. Eu acho que os outros países também têm essa percepção com relação ao Japão.

Por que você escolheu o gênero grindcore? É uma forma de expressar seus sentimentos, de se afirmar?

Kyosuke: Nosso som tem bases grindcore, mas não se pode dizer que ele para por aí. Primeiro, porque nós começamos fazendo death metal. Depois, como nós tentamos espressar a perda de sentimentos de várias formas, pode-se dizer que nós somos grindcore e death metal.

Você tem alguma história interessante sobre suas bandas anteriores e shows?

Kyosuke: Eu já lidei com bandas de diferentes gêneros e toquei com várias pessoas diferentes, então, pude experimentar gêneros musicais extremamente diferentes.

Agora vamos a algumas perguntas mais pessoais. Quais bandas mais lhe influenciaram?

Kyosuke: Sinceramente, eu não consigo nomeá-las. Por muito tempo eu tentei expressar honestamente o que sinto e tentei evitar coisas como “fazer o que outras bandas estão fazendo”, tanto que eu não consigo mais listar.

Hoje, qual é sua banda favorita?

Kyosuke: eu não tenho uma banda favorita. Todos a quem eu respeito fazem parte dos meus favoritos.

Qual foi o último CD que você comprou?

Kyosuke: Eu não tenho comprador muitos CDs ultimamente, mas comprei o novo álbum do Hate Eternal.

O que você faz nas horas vagas e qual seu prato favorito?

Kyosuke: Como eu gosto de bateria, eu diria instrumentos étnicos. Além diso eu também gosto de avant-garde e jazz. Com relação à comida, eu sou um típico japonês, e gosto de comida japonesa.

Qual seu maior defeito?

Kyosuke: Meu defeito... A mesma mediocridade que todo o mundo tem.

Quais bandas japonesas você sugere a quem acabou de se interessar por esse gênero?

Kyosuke: Eu ficaria feliz se alguém se interessasse pela música japonesa depois dessa entrevista. Como as bandas que eu recomendo são tão numerosas quanto as estrelas do céu, eu só vou sugerir que vocês visitem nossa página no MySpace, e de lá ter suas próprias ideias usando os diferentes links.

Com quais bandas você gostaria de tocar, ao vivo ou no estúdio?

Kyosuke: Se possível, eu gostaria de tocar com muitas bandas boas, sem distinção. Eu gostaria de trazer de volta a importância dos trabalhos em conjunto.

De que você mais se orgulha hoje?

Kyosuke: De fazer algo que pessoas do mundo todo apóiam.

Para terminar, você tem uma mensagem para os fãs?

Kyosuke: Obrigado por lerem essa entrevista até o fim. Eu não sei se tenho fãs em todas as partes do mundo, mas, se vocês nos derem seu apoio, nós faremos tudo o que pudermos para continuar. Nós nos encontraremos um dia em um de nossos shows. Obrigado!

Obrigado mais uma vez por essa entrevista.
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