Entrevista

Entrevista com Pirates Canoe

28/04/2013 2013-04-28 15:22:00 JaME Autor: Teresa, Wai Fu Tradução: Pipezinha, Shin

Entrevista com Pirates Canoe

Com o Japan Nite 2013 sendo sua primeira apresentação no exterior, Pirates Canoe tinha muito para contar ao JaME.


© JaME
Formada em 2009, na cidade de Quioto, Pirates Canoe desde então lançou dois EPs e um álbum, e tem mostrado sua interessante mistura de música folclórica americana, irlandesa e das Ilhas Britânicas por todo o Japão. Embora o grupo normalmente consista de seis membros, foi o trio guitarra-bandolim-rabeca¹ que viajou através do oceano para uma turnê na América do Norte como parte do Japan Nite 2013. Alguns minutos antes do Japan Nite em Los Angeles, o trio de fala mansa deliciou o JaME com uma breve, mas profunda entrevista.


Por favor, vocês poderiam se apresentar?

Reika: Reika Hunt na guitarra e vocal.
Sara: Sara Kono, no bandolim e vocal.
Kanako: Kanako Keyaki, na rabeca e coro.

Como foi viajar como parte da Japan Nite?

Todos: Cada plateia reage diferente, e nós temos nos divertido muito!

Vocês três (Sara, Kanako e Reika) se conheceram pelos bares de Quioto. O que vocês viram uma na outra que fez surgir o desejo de formar uma banda juntas?

Reika: Quando eu conversei com Sara pela primeira vez, não fui capaz de entender sobre o que ela estava falando e pensei que seria muito difícil me dar bem com ela…(risos). Keyaki era uma garota quieta e graciosa à primeira vista. No entanto, ambas primeiras impressões estavam erradas. (risos). Quando eu pensei em compor, encontrei Sara e fui apresentada ao resto do grupo e foi assim que começamos.
Sara: Reika era uma pessoa sombria. Keyaki tem uma aparência bonitinha, mas é exatamente o oposto – ela é uma pessoa muito fria. Quando eu deixei minha banda anterior e pensei em recomeçar desde o início, meus amigos me apresentaram a Reika. E no bar que eu frequentava eu vi Keyaki com seu violino, então falando com ela... gentilmente chegando nela (risos), foi assim que nos juntamos como uma banda.
Kanako: Minha primeira impressão de Reika foi quando ela estava cantando, e eu achei que ela era tão esguia e realmente uma boa cantora. Com Sara, como a encontrei num bar, a achei um exagero de amigável a princípio (risos), mas ela era gentil, uma pessoa muitíssimo agradável. Quanto a ser membro de uma banda, me puseram nisso sem aviso –mas como eu realmente amo a música delas, estou aqui ainda tocando.

Como vocês escolheram o nome Pirates Canoe? Ele aparece como primeira faixa do seu primeiro EP, Guitar Blue, mas ele já era o nome da banda antes ou depois da música ser escrita?

Reika: Escrever a música veio primeiro. Essa canção foi a primeira que fizemos como uma banda. Com algumas músicas em mãos, começamos a pensar sobre o nome do grupo, então fomos juntas a um restaurante debater sobre o assunto, mas ninguém tinha nenhuma boa ideia... Depois de três horas ou mais, nós simplesmente não tínhamos nenhuma outra escolha além de usarmos o título dessa música, Pirates Canoe, então partimos daí. E terminamos usando em definitivo.

Todas vocês vêm de diferentes bases musicais. Àquelas que não são tão familiares, de onde elas vieram? E como isso influenciou na música de vocês? Há outras influências sem ser musicais em seu trabalho? Por exemplo, a Sara cresceu num templo budista...

Reika: Pirates Canoe é minha primeira experiência numa banda. Eu comecei sem qualquer conhecimento e aprendi tudo através do grupo—quero dizer, como se preparar antes de subir no palco, como tocar a guitarra sem toda aquela tensão, calculando como tocar de um jeito que poderia impressionar a plateia—todas aquelas coisas que vem de uma banda.
Sara: Apesar de crescer em um templo e meus pais serem os responsáveis por ele…eles gostavam de reggae e coisas assim, então eu acho que cresci em um ambiente repleto de música. Apesar de parecer um tanto incongruente, acho que a música esteve implantada na minha vida desde pequena, e me levou a me envolver com instrumentos. Eu costumava gostar de músicas alegres e rápidas, mas depois de formar a banda com elas, passei a me interessar por canções calmas e suaves—como se estivesse cantando para uma pessoa em particular. Então, pela influência delas, comecei a escrever esse tipo de canção também. Sinto como se tivesse libertado todas as emoções negativas de dentro de mim. (risos).
Kanako: Eu tocava antes da Pirates Canoe, mas esta é a primeira vez que toco numa banda completa com bateria e todo mundo pensa profundamente como compor e tocar com expressão. Todo o tempo eu me impressiono com coisas novas…não simplesmente tocar a música, mas penso em mais coisas, como quando fazer a pausa (de acordo com o toque da banda). Estou aprendendo sobre essas coisas.

Quando foi a primeira experiência de vocês com o bluegrass² e a música folclórica americana/britânica/irlandesa e o que elas possuem que atraíram vocês?

Sara: Eu estava na faculdade quando ouvi pela primeira vez bluegrass e folk , então eu devia ter entre 18 e 20 anos. As musicas eram realmente velhas… todas elas soavam iguais para mim (risos). Eu entrei nessa mais tarde, mas no começo eu ficava meio assim, “Qual a diferença entre essa canção e a anterior?!” (risos)
Reika: Eu cresci no Arkansas, então não posso me lembrar exatamente de quando ouvi pela primeira vez. Talvez desde que eu era bebê. Meu pai tocava numa banda folk americana, também. Pensando bem, eu não conhecia muito música folclórica, então quando cheguei à adolescência, e comecei a ouvir pop e rock, pensava que música country era careta. Foi somente depois de mais velha que eu fui atraída por música acústica, bluegrass e coisas assim. Acho que está no sangue.
Kanako: Eu nunca tinha ouvido nem bluegrass nem música folclórica americana antes de entrar na Pirates Canoe. Algumas vezes eu ouvia músicas de artistas que elas duas me recomendavam, mas para ser honesta, ainda agora, de vez em quando, soam a mesma coisa para mim. Já que eu não tentaria encontrar essa música por mim mesma, para mim, a Pirates Canoe é toda a música folclórica que me interessa e eu gosto da música da Pirates Canoe.

Então o que vocês normalmente escutam?

Kanako: Como eu toco rabeca, eu geralmente escuto música instrumental irlandesa e coisas do tipo.

Reika, o fato de ter crescido nos EUA tem a ver com a maior parte das canções da Pirates Canoe ser escrita em inglês?

Reika: Eu escrevo todas as letras em inglês. Como eu cresci ouvindo músicas em inglês e nenhuma musica pop japonesa, não consigo combinar letras em japonês e melodias. Elas dizem que as letras soam estranhas quando eu tento escrever em japonês. (risos) As letras em inglês saem mais naturalmente.

Reika e Sara, como únicas letristas e compositoras da Pirates Canoe, quais são suas fontes inspiradoras? Qual é o processo criador de vocês?

Sara: Isso depende da situação, mas para mim normalmente vem depois de viajar por muito tempo, depois de me impressionar com certos eventos ou pelo pedido de outros membros da banda. Por exemplo, elas podem pedir que eu escreva algo instrumental ou elas querem alguma coisa sombria. Eu escreveria baseada nos pedidos delas e a inspiração viria das imagens que elas me dariam… mas como eu não sou tão boa em escrever letras, depois de compor a melodia, deixo tudo nas mãos da Reika.
Reika: Para mim, tudo vem com um tema primeiro. Por exemplo, se eu quero escrever uma canção sobre uma gravidez inesperada—e nesse momento eu tenho uma melodia da Sara—eu vou por a letra nessa canção. Se não há nenhuma melodia naquele momento, eu mesma tento compor uma em que o tema se encaixe.

Sara, você pediria para escrever a letra depois de compor a melodia?

Sara: Hum, quando eu entrego a canção para a Reika, eu digo a ela que a melodia é baseada em uma imagem particular. Às vezes, eu dou a ela material que já tem algumas letras em japonês, e ela muda algumas coisas e escreve o resto em inglês. Algumas vezes eu escrevo a canção sem qualquer tema ou imagem próprios e ela apenas trabalha com imagens baseadas em sua própria concepção. Basicamente trabalhamos com todo tipo de abordagem.

Podemos esperar futuras canções da Kanako?

Kanako: Sim, eu gostaria de tentar compor alguma coisa para a banda um dia.

Seu primeiro álbum completo, Sailing Home, foi lançado dezembro do ano passado. O que vocês podem dizer sobre ele?

Reika: Foi a primeira vez que gravamos sem a banda toda, apenas com três de nós. Nós corremos com tudo até o final… ou como pudemos… fizemos a gravação com um impulso natural em um clima bom, mais do que cumprir um plano detalhado. Então nós corremos para fazê-lo e corremos para terminá-lo, ficamos tão excitadas quando tudo terminou! Foi uma experiência muito feliz para nós. De algum modo canções com imagens de navegação, barcos e o mar nos vieram enquanto gravávamos, então naturalmente decidimos nomear esse álbum com o tema.

O que vocês gostariam de dizer aos fãs do exterior e aos leitores do JaME?

Sara: É a primeira vez que nos apresentamos no exterior. Quando tocamos no Japão, sempre esperamos que essas velhas canções toquem o público, tanto as pessoas mais velhas quanto jovens. Estamos muito felizes em sermos capazes de levar nossa música através do oceano até o outro lado do planeta. Esperamos que no futuro, possamos continuar a ultrapassar essas fronteiras e levar nossa música a diferentes lugares no mundo, assim como estamos fazendo agora.

JaME gostaria de agradecer à Pirates Canoe por reservar um tempo para responder nossas perguntas e à Audrey Kimura do Selo Benten e Japan Nite por tornar possível esta entrevista.

N.T.: 1- No caso da Pirates Canoe, “fiddle” não é o violino clássico, mas aquele utilizado nas músicas folclóricas britânicas, irlandesas e ciganas.
2- "Bluegrass" é uma forma de música popular e tradicional americana, com raízes na música tradicional das ilhas britânicas, na música rural dos negros e no jazz e blues. Esse é um dos géneros musicais característicos do sul dos Estados Unidos.
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