As aventuras musicais do Plastic Tree na terra dos gregos.
No dia 14 de Outubro, o Plastic Tree realizou seu primeiro show na Grécia. O palco havia sido recentemente aberto. Como esperado, nós acabamos ficando perdidos antes de notarmos uma visão de uma multidão animada. Certamente, a multidão eram os fãs do Plastic Tree que estavam enfileirados do lado de fora das portas fechadas da casa de shows; portas estas que foram abertas com um pequeno atraso, pouco depois das 20h, horário previamente anunciado. Qualquer pessoa podia ver vários estilos, desde visuais mais melosos inspirados no visual kei até garotos meio punks, algumas Gothic Lolitas; ainda assim, o público era familiar com a cena de rock japonês. Haviam mais algumas pessoas esperando do lado de dentro, e já que não havia nenhuma banda de abertura, a platéia estava ficando impaciente. No entanto, o clima geral do local foi contido, com alguns membros da banda aparecendo no estande de vendas para cumprimentar os fãs. Anos de experiência ajudaram a banda a desenvolver uma personalidade fácil de lidar.
O set do DJ, consistindo na maior parte de músicas japonesas mais populares acabou, e o palco foi iluminado. Era difícil imaginar um show ocorrendo naquele local. Contudo, tais coisas deixaram de ser importantes quando a banda apareceu, dominando a casa com sua calma, ainda assim sólida presença.
Mal se podia dizer que Nemureru mori havia começado, mas ela fluiu gentilmente. De alguma forma, todos os olhares estavam fixos na carismática figura do vocalista Ryutaro, enquanto ele variava entre suas poses e de verso a verso. Ele ofereceu uma performance cheia de sentimento, imergindo-se na atmosfera da música, mal sequer olhando para o público por trás de longos estrondos. Os outros membros da banda o acompanhavam discretamente, como se precisassem tocar com extreme cuidado. Esse mesmo padrão foi mantido na próxima música, Irogoto. Ainda assim, com essas músicas mais leves, o público teve a oportunidade de gradualmente se acostumar com a personalidade do grupo.
Houve um repentino pique de energia no grupo durante Elegy, com os outros membros interagindo com a platéia de formas diferentes. Esta faixa parecia ser uma favorita dos fãs e puxou pela primeira vez a platéia para além dos limites, fazendo com que todos se movimentassem com a batida. Ryutaro só pausou por um breve, não menos estranho do que prazeroso MC, fazendo com que a platéia rugisse enquanto falou algumas palavras gregas, misturando com uma parcela audível de Inglês e Japonês. Ele disse um pouco mais do usual "oi" e "prazer em conhecê-los", mas era óbvio que ele estava satisfazendo os espectadores.
A banda finalmente parecia estar apropriadamente aquecida, já que Tadashi e Akira, respectivamente com seu baixo e sua guitarra, haviam começado a tocar o vibrante ritmo de Replay. Eu não posso dizer se era a versão do single ou do álbum, já que naquela hora estávamos focados nas antiguidades da banda para sequer notar. Os movimentos do vocalista se tornaram confusos: ora ele socava o ar, ora ele chutava o ar, ainda assim em tom com a música. Alone Again, Wonderful World adicionou mais fervor ainda ao momento, com o grupo tocando com tanta vontade que foi prazeroso de ver, ou talvez surpreendente, já que eles tinham o cuidado de não cair do pequeno palco.
A multidão estava aquecida, com algumas velhas, porém conhecidas músicas mantendo-os no chão, mexendo-se com a batida e gritando antes e depois de cada música. No entanto, devido à má formação do mosh pit, os fãs que estavam nas laterais não conseguiam ouvir bem o som, o que fez com que eles tentassem achar um local melhor para aproveitar o show, o que causou um certo caos. Ao mesmo tempo em que uma música lenta, Yuki hotaru, estava sendo tocada, o som estava com dificuldade de alcançar a todos.
Nenhum segundo a mais, Himitsu no Carnival havia começado, com Hiroshi estremecendo o público com suas batidas poderosas. Fora o desconforto supracitado, quando Hate red, dip it havia começado, o clima do todos já estava melhor. Tadashi em particular revelou, enquanto dava tudo de si, a melodia baixa de seu instrumento, definindo a personalidade da música. Ryutaro às vezes fazia comentários durante as músicas, progressivamente usando mais e mais o Japonês. Ele tanto poderia ter dito "Eu amo você, Grécia", como também "Dane-se você, Grécia"; a platéia estava muito distante para diferenciar.
A presença de palco do Plastic Tree era algo para contemplar, especialmente durante a última metade do show. O comportamento dos membros podia mudar com cada música; Ryutaro, por exemplo, assumia expressões dramáticas na maior parte do tempo, encarando intensamente a platéia e então se escondendo mais uma vez por trás dos estrondos. Akira oferecia suas incríveis habilidades com a guitarra, às vezes sorrindo para o público, enquanto Tadashi, que parecia mais sereno, também sorria contente de tempos em tempos, ficando um pouco violento durante algumas faixas. Hiroshi, mesmo preso por trás de sua bateria, fornecia batidas formidáveis.
Ame ni utaeba, a última música do set principal, chegou ao fim. Contudo, a noite estava longe de acabar e o público começou a chamar a banda de volta impacientemente. Logo o grupo apareceu, mas ainda não iriam tocar; ao invés disso, um sorteio começou. Ryutaro, desta vez apresentando um reluzente quimono vermelho, desenhava alguns números em Japonês, e o público respondia mesmo antes de conseguirem uma tradução; isto o surpreendeu e o animou ao mesmo tempo. Logo depois, a banda reassumiu suas posições e o show começou mais uma vez.
O bis marcou o ápice do show, com seu hit Ghost sendo recebido mais que ansiosamente. Durante Angel Dust, uma de suas canções mais velhas e poderosas, o público de alguma forma se reuniu como um só, celebrando entusiasticamente. O show então chegou ao seu fim, mas não a noite, visto que o contato com a banda foi mantido. Os membros logo retornaram para uma sessão de autógrafos e para trocar algumas palavras com os fãs, compondo um epílogo que combinou com a linda noite.
O Plastic Tree veio, tocou seu show e conquistou os corações dos fãs gregos. Obstáculos a parte, foi um show que tanto a banda como os fãs irão lembrar por um bom tempo.
Set list
1. Nemureru Mori
2. Irogoto
3. Elegy
4. Replay
5. Alone again, wonderful world
6. Kuuchuu Buranko
7. Yuki hotaru
8. Himitsu no Carnival
9. Hate red, dip it
10. Ruisen kairo
11. Melancholic
12. Ame ni utaeba
En.1 Ghost
En.2 Angel Dust
