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cali≠gari no ZEPP Tokyo

05/09/2009 2009-09-05 20:17:00 JaME Autor: Kiri Tradução: Hikari

cali≠gari no ZEPP Tokyo

Banda pioneira do estilo eroguro, o cali≠gari se reuniu após uma pausa de seis anos para dois shows em Tóquio.


© cali≠gari
Passaram-se seis anos desde que o cali≠gari tocou junto pela última vez. Durante seus dez anos de atividade, entre 1993 e 2003, eles foram uma banda inovadora, apesar de estranha, misturando elementos experimentais, art-punk e sons new wave em suas músicas intrigantes. Vistos por muitos como fundadores do estilo eroguro, que influenciou bandas como Guruguru Eigakan, Merry e MUCC, essa reunião foi muito esperada. O evento foi algo fantástico, com o cali≠gari levando o público a um mundo tão surreal quando o filme mudo de 1920 do qual foi tirado o nome da banda.

Começando a noite com um vídeo cômico que mostrava onde o baixista Kenjirou havia estado durante os últimos seis anos e as tentativas dos outros membros de trazê-lo de volta, o cali≠gari conseguiu animar os fãs antes de tocar sequer uma nota. Quando as cortinas se abriram para revelar a banda, os gritos lhes renderam uma recepção calorosa quando eles começaram a tocar Erotopia. Com seus nomes projetados em uma cortina de veludo vermelha na parte de trás do palco, a noite ganhou uma fantástica ambientação teatral. Erotopia, caracterizada por uma melodia caótica com vocais art-punk de Ishii Shuuji e uma interessante interação entre os instrumentos, marcou o tom para o que estava por vir.

O público recebeu Sentimental com altos gritos, pulando animados ao som da guitarra de Ao. Sua dança maníaca foi acompanhada de forma barulhenta, enquanto a platéia gritava pelo quarteto. Porém, Sentimental pareceu calma em comparação a Maguro, com seus sons estranhos e maravilhosos, que, de alguma forma, trouxe uma buzina de carro misturada à bateria tribal e à poderosa guitarra de Ao. Depois do vocalista Shuuji fazer algumas piadas com os convidados sentados no andar superior, eles seguiram com a mais calma Dadan di dan dan. Os vocais de Shuuji tomaram uma personalidade mais rica para se adaptar à natureza da música, e ele encorajou os fãs a cantarem junto, posicionando o microfone em sua direção.

A canção foi um contraste com a pesada Mahoroba, que com um tom brincalhão, mas estranho, criou uma atmosfera maravilhosamente assustadora. Ao ficou na parte de trás do palco, seu corpo firme enquanto tocava, movendo-se de um lado para o outro em uma esteira rolante por trás da bateria como um alvo em um jogo de tiros. Foi divertido e assustador, um sentimento que emanaria ao longo das músicas seguintes. Yuugatou foi aberta pelas profundas linhas de baixo de Kenjirou, junto com o som de uma sirene e uma sinuosa linha de guitarra, em uma abertura interessante e desconcertante. Ao havia deixado a esteira e seguido para as pick ups do lado direito do palco. Lá ele ficou, parado, exceto pelos gestos de suas mãos e por lentos movimentos giratórios. Sob a única luz vermelha que o iluminava e com o grito nervoso de Shuuji seguindo para o refrão, a estranheza surreal da apresentação se tornou hipnotizadora. O mesmo pôde ser dito de Kuusou Carnival, quando uma única luz brilhou do fundo do palco, criando um efeito de luz e sombra sobre a platéia, enquanto os membros da banda se tornavam figuras fantasmagóricas. Com uma música de fundo de sintetizador de um filme de terror e os vocais de Shuuji que às vezes lembravam os do vocalista do Bauhaus, Peter Murphy, a atmosfera causou arrepios.

Tsumetai Ame, uma música com bom uso de órgão em sua melodia, ofereceu um retorno simples à normalidade, ainda que um pouco menos interessante, antes do longo MC de Shuuji. “No Japão, eu sou o vocalista número um que não combina com a chuva”, ele disse, em referência ao título da música anterior. “Há alguma criança em idade escolar aqui?”, ele perguntou, e pareceu um pouco chocado pelo número de braços que se ergueram. “Ah, bem”, ele continuou de maneira divertida, “Nós somos mesmo uma banda lendária, afinal”, ao que o público respondeu com uma mistura de risadas e ofensa fingida por causa da “arrogância”. Ele começou a falar sobre encarar o futuro, o futuro do cali≠gari, e disse que eles tinham duas novas músicas para tocar. A primeira delas tinha uma atitude punk prevalecendo no refrão e nas guitarras. Foi curta, pesada e muito divertida. A segunda, School Zone, contou com um som visual kei mais clássico, com a guitarra sólida de Ao. Seus vocais dolorosos complementaram os vocais mais ricos e suaves de Shuuji em uma melodia brincalhona que fez toda a casa se mover.

“Quando eu disse banda lendária... as músicas novas foram boas, certo?”, Shuuji perguntou ao público. “Nós estamos perto do fim agora...”, ao que a platéia respondeu com um alto “É muito cedo!”. “Eu estou velho!”, Shuuji protestou. “Até aqui tudo bem, certo? Bem, vocês estão prontos?”, ele perguntou, sua voz se tornando um sussurro quando Jelly começou, seu jazz ácido incontrolável fazendo a platéia dançar. As profundas linhas de baixo de Kenjirou se destacaram, como um centro estável às notas de piano experimentais. Os braços abaixo continuaram indo à loucura durante a divertida Outo, os membros se divertindo igualmente em sua apresentação enquanto pulavam pelo palco, acompanhados pelas palmas frenéticas. Isso criou uma boa atmosfera para a última música, Blue Film. As luzes através da cortina criaram um ótimo efeito enquanto Shuuji cantava o refrão de forma quase sedutora. Enquanto os fãs agitavam fitas azuis com a música, Kenjirou fazia headbanging, girando seus longos cabelos loiros e se divertindo com a popular música final. “Ok, agora, por favor, todos peçam um encore”, disse Shuuji, enquanto agradecia aos fãs de maneira alegre antes de sair do palco.

Porém, os gritos pelo encore foram interrompidos por um curto filme cômico, “Hello Major! The Movie”, antes das cortinas voltarem a se abrir para Tadaima. Foi uma abertura agradável para o encore, com a guitarra de Ao combinando perfeitamente com as pausas dramáticas de Shuuji. A música trazia um clima dos anos ’70, com um distinto som JPOP, e, quando ela estava terminando, um som baixo de “bem vindos de volta” se ergueu da platéia. Eles tiraram um tempo para fazer um longo MC. Foi anunciado que Ao faria 38 anos, e, apesar de alguns gritos de “parabéns” serem ouvidos, eles pediram para que o público não desse os parabéns. Porém, eles agradeceram à platéia por esperarem pacientemente ao longo dos últimos seis anos.

“Hoje tem um clima bom”, disse Ao, enquanto passava a deixa para Kenjirou anunciar a música seguinte. “3!”, gritou o baixista, e a platéia continuou com um “2, 1!”, apesar de não ser essa a intenção. Então, depois de interrompê-los e tentar mais algumas vezes, o público finalmente acertou o nome da música, 37564. Foi uma experiência boa e estranha, que combinou com o clima do show, com um órgão fora de ritmo e bateria leve, caracterizando a estranheza da banda.

A guitarra de Ao soou as notas finais e sirenes encheram o ar enquanto uma fumaça ameaçadora passou pelas luzes vermelhas do palco. Siren permitiu um último olhar no mundo louco do cali≠gari em uma mistura de sons caótica e dramática. As sirenes incessantes e a gargalhada maníaca de Shuuji se uniram em uma última experiência fantástica.

O mundo do cali≠gari é estranho e para gostos específicos, mas seu retorno aos palcos foi comemorado em uma noite visual e sonoramente espetacular, que solidificou sua posição como lendas da cena visual kei.


Set list

1. Erotopia
2. Sentimental
3. Maguro
4. Dadan di dan dan
5. Mahoraba Blues

6. Yuugatou
7. Kuusou Carnival
8. Tsumetai ame
9. -Tou-
10. School Zone
11. Jelly
12. Outo
13. Blue Film

En1
14. Tadaima

En2
15. 37564
16. Siren
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